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Retirada do Costa Concordia vai durar toda a noite

Nove horas depois de iniciada, a embarcação foi destombada em 13 graus. A inclinação inicial era de 65 graus


	Costa Concordia: segundo cálculos dos técnicos, o navio alcançará 24 graus de inclinação por volta de meia-noite na Itália
 (Tony Gentile/Reuters)

Costa Concordia: segundo cálculos dos técnicos, o navio alcançará 24 graus de inclinação por volta de meia-noite na Itália (Tony Gentile/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2013 às 20h39.

A longa operação para a retirada do transatlântico "Costa Concordia", iniciada nesta segunda-feira diante da costa da ilha italiana de Giglio, onde naufragou há 20 meses, levará "toda a noite", informaram as autoridades da operação de resgate.

A complexa operação para resgatar um gigante de 17 andares "será mantida durante toda a noite" e acontece "como previsto, mas com etapas dilatadas", anunciou Franco Gabrielli, da Defesa Civil.

Nove horas depois de iniciada, a embarcação foi destombada em 13 graus. A inclinação inicial era de 65 graus.

A inédita operação, iniciada às 09h00 GMT (06h00 de Brasília), foi interrompida entre 17h00 e 18h00 GMT (15h00 e 16h00), para permitir que uma equipe de especialistas alpinistas retirasse do navio vários cabos que não exercem mais tensão, explicou Sergio Girotto, responsável pelo projeto por parte da empresa italiana Micoperi.

Os especialistas afirmaram que o "inconveniente" foi resolvido e confirmaram que a retirada será concluída por volta das 05h00 GMT de terça-feira (02h00 de Brasília).

Segundo cálculos dos técnicos, o navio alcançará 24 graus de inclinação por volta de meia-noite na Itália.

A partir desse momento, a nave será "endireitada" gradualmente por meio dos enormes recipientes que foram fixados na parte superior do casco, que seriam enchidos de água.

"Existem várias incertezas", explicou Gabrielli, que não quis enumerá-las, entre elas a possibilidade de o tempo piorar à noite e afetar a operação.

Girotto tranquilizou a imprensa ao assegurar que são aceitáveis ondas de cerca um metro e meio de altura.


Cerca de cem engenheiros e técnicos de várias nacionalidades que participam da operação para endireitar um navio gigante de 114.000 toneladas tiveram que modificar o calendário, já que levará mais tempo do que as 12 horas previstas inicialmente.

Esta é uma operação sem precedentes na história da engenharia moderna para um transatlântico tão grande e perto da terra.

Por volta de meio-dia desta segunda-feira (10h00 GMT, 07h00 de Brasília), o gigantesco navio "tinha sido retirado dos arrecifes" em que havia encalhado no dia 13 de janeiro de 2012 com 4.200 passageiros a bordo, causando a morte de 32 pessoas.

Duas horas depois de iniciada a inédita operação começou a ser vista parte do casco do navio que estava submersa, claramente identificável por estar coberto de musgo.

A operação está avaliada em cerca de 600 milhões de euros.

Ao término do endireitamento, uma equipe de mergulhadores vai procurar os restos das duas pessoas que estão desaparecidas: uma passageira italiana e um camareiro indiana.

"Espero encontrar o corpo da minha mulher. Eles me disseram que a busca começará quando o barco estiver estabilizado", declarou Elio Vicenzi à imprensa italiana.

Já Kevin Rebello, irmão do camareiro indiano, acompanhou todas as operações realizadas na ilha com a esperança de poder enterrá-lo na cidade onde nasceu.

Há temores de que a retirada do gigante possa afetar o delicado fundo marinho da ilha, que está entre os primeiros parques naturais protegidos da Itália.


Por enquanto, o risco de poluição do mar é pequeno e representantes de organizações ambientalistas acompanham os trabalhos.

O navio iniciou a rotação impulsionado por enormes cabos de aço ligadas a pequenas torres, instaladas para a ocasião. Depois, a partir de um determinado grau, será a força da gravidade que impulsionará o barco para a posição vertical, segundo o projeto.

Doze engenheiros coordenam a operação

Doze engenheiros de várias nacionalidades, comandados pelo sul-africano Nick Sloane, dirigem de uma sofisticada plataforma flutuante a arriscada operação, que "até agora", nunca antes realizada.

Na plataforma, chamada de "Pollux", os engenheiros, especialistas em várias disciplinas, controlam uma série de dados através de computadores conectados a cinco microfones e a oito telões que projetam as imagens de várias câmeras e robôs submarinos que transmitem ao vivo movimentos importantes do navio.

"Hoje é um por todos e todos por um", reconheceu um doss engenheiros.

O prestígio da engenharia naval italiana foi colocado em jogo depois do trágico naufrágio causado por um erro do capitão do transatlântico, Francesco Schettino, único acusado do acidente.

"Está em jogo a credibilidade da Itália", escreveu nesta segunda-feira o jornal Il Fatto Quotidiano, ao lembrar que o capitão, acusado de homicídio múltiplo por imprudência, abandono de navio e danos ao meio ambiente, representava o símbolo de uma Itália covarde e em declínio.

Os moradores da ilha, uma joia do Mediterrâneo pela conservação do meio ambiente, que foram premiados por seus gestos de solidariedade, querem voltar a ter uma vida tranquila e normal, depois de terem tido um verão intenso, com a chegada de um grande número de turistas e curiosos atraídos pelo "Titanic o século XXI".

"Estamos convencidos de que tudo ficará bem", confessa Giovanna Rum, uma das moradoras da ilha, enquanto o prefeito, Sergio Ortelli, organizou a recepção de cerca de 400 fotojornalistas e cinegrafistas de todo o mundo para acompanhar a operação ao vivo.

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