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Separatista, Quim Torra assume como presidente da Catalunha

Nos próximos dias, Torra deverá formar um governo na 7,5 milhões de habitantes, requisito para o fim da intervenção de Madri na autonomia catalã

Quim Torra: o candidato foi indicado por Puigdemont, que está na Alemanha aguardando o pedido de extradição (Albert Gea/Reuters)
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AFP

Publicado em 14 de maio de 2018 às 10h42.

Última atualização em 14 de maio de 2018 às 15h01.

O Parlamento da Catalunha deu posse nesta segunda-feira como presidente da região ao candidato apoiado pelo destituído Carles Puigdemont, o editor Quim Torra, para recuperar a autonomia regional e retomar o confronto entre os independentistas e o governo espanhol.

Este editor de 55 anos, membro da ala radical do independentismo catalão, foi eleito com 66 votos a favor, 65 contrários e quatro abstenções. Em um breve discurso após a votação, ele deixou claras as suas intenções: "Viva a Catalunha livre", afirmou.

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Nos próximos dias, ele deverá formar um governo nesta região de 7,5 milhões de habitantes, requisito para o fim da intervenção de Madri na autonomia catalã, decretada após a frustrada declaração de independência de 27 de outubro.

A intervenção pode voltar a ser aplicada se o novo governo catalão violar a lei em sua luta pela independência, advertiu o governo espanhol do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que se mostrou cauteloso sobre a posse de Torra.

"Vamos apostar no entendimento e na concórdia, mas da mesma maneira que afirmo isto, garanto que a lei e a Constituição espanhola serão cumpridas", afirmou.

Apesar de defender o diálogo com Madri, Torra está alinhado com a estratégia do antecessor Puigdemont, partidário de manter a tensão com o Estado.

"Seremos leais ao mandato do referendo de autodeterminação de 1º de outubro: construir um Estado independente em forma de república", afirmou o candidato horas antes da eleição.

Perpetuação do confronto

Em um primeiro debate sobre a questão no sábado, Torra não conseguiu ser eleito, pois não recebeu o apoio da maioria absoluta (68 votos de 135).

A eleição nesta segunda-feira foi possível graças à abstenção dos quatro deputados da CUP (Candidatura de Unidade Popular), um pequeno partido independentista de extrema-esquerda, que defende a desobediência e o confronto com Madri.

Após consultar suas bases, o partido anunciou a abstenção para não bloquear "a formação de um novo governo", mas advertiu que fará oposição ativa a qualquer plano de governo "que não avance na construção de medidas republicanas".

Para seduzir a CUP, Torra se comprometeu a recuperar algumas leis suspensas pela justiça espanhola, iniciar a redação de uma Constituição catalã e criar um governo e parlamento paralelos no exílio para estimular a secessão.

Também prometeu facilitar o retorno ao poder de Carles Puigdemont, que chama de "presidente legítimo" e que segundo Torra delegou "provisoriamente" o poder para evitar a convocação de novas eleições após meses de paralisação política.

O ex-presidente destituído, que fugiu para o exterior antes de ser processado por rebelião, está em liberdade sob fiança na Alemanha e aguarda para saber se será extraditado.

A oposição criticou a subordinação a Puigdemont e a eleição de Torra como sucessor, criticado por uma série de artigos antigos nos quais apresentava duras ofensas aos espanhóis.

"Defende a xenofobia, defende uma identidade excludente", disse a líder do partido de centro-direita Cidadãos, Inés Arrimadas.

Os primeiros julgamentos contra 25 dirigentes independentistas acusados de rebelião e outros crimes podem começar em outubro, um bom momento para mobilizar os independentistas catalães contra a "repressão" do Estado no âmbito de uma campanha eleitoral, afirmam analistas.

Nove dirigentes secessionistas estão em prisão provisória e sete, entre eles Puigdemont, no exílio voluntário.

Os acusados pertencem em sua maioria aos dois grandes partidos separatistas, o conservador PDeCAT e o esquerdista ERC, que defendem a moderação, ao contrário de Puigdemont, Torra e da CUP.

Em posição de força após o bom resultado nas eleições de dezembro, quando sua lista Juntos pela Catalunha foi a mais votada entre as independentistas, Puigdemont conseguiu impor seu candidato, que tem a missão de manter o confronto com Madri.

 

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