Quênia adia fechamento de maior acapamento de refugiados do mundo
O fechamento do local, que abriga cerca de 300 mil refugiados de origem somali, foi adiado para maio de 2017
EFE
Publicado em 16 de novembro de 2016 às 13h15.
Nairóbi - O governo do Quênia anunciou nesta quarta-feira que atrasará em seis meses a data de fechamento do acampamento de refugiados de Dadaab, o maior do mundo, e que estava inicialmente previsto para o fim deste mês.
O fechamento do local, que abriga cerca de 300 mil refugiados de origem somali, foi adiado para maio de 2017, anunciou hoje o ministro do Interior do Quênia, Joseph Nkaisssery, em entrevista.
Após anunciar em maio que fecharia o acampamento, considerado local de recrutamento do grupo jihadista somali Al Shabad, o governo do Quênia aceitou um pedido do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para atrasar o processo.
O ministro explicou que agora a comunidade internacional terá tempo para garantir o retorno seguro dos refugiados a um local adequado. "O programa de repatriação começará em dezembro devido à delicadeza da situação de segurança na Somália", disse Nkaissery.
Os refugiados de Dadaab que não sejam de procedência somali serão transferidos a outros acampamentos em território queniano em fevereiro de 2017.
O ministro, porém, esclareceu que o fechamento do acampamento ocorre por motivos econômicos e de segurança, não implicando que o Quênia irá deixar de receber refugiados.
O porta-voz do Ministério do Interior, Mwenda Njoka, já tinha antecipado que o governo não poderia fechar o acampamento no fim de novembro, como o previsto, porque a Somália não tinha condições de garantir os serviços sociais básicos para o retorno dos somali.
Dadaab recebia 326 mil refugiados no fim de maio, 100 mil a menos do que em cinco anos, muitos dos quais teriam voltado à Somália. De acordo com dados da Acnur, só na última semana teriam retornado ao país vizinho 34,9 mil refugiados, enquanto 276 mil seguem no local.
O fechamento do acampamento de Dadabb, de pé há 25 anos, gerou muitas críticas devido à dificuldade e o perigo representado na operação de repatriar centenas de milhares de pessoas para um país que ainda vive em guerra e sob a ameaça constante do Al Shabab.
Além disso, organizações como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional criticaram o fato de o programa de repatriação não cumpra com as normas internacionais, já que os refugiados denunciaram intimidação por parte das autoridades do Quênia.