Força por trás da queda do presidente Assad é formada por aliança de grupo rebelde e Exército Nacional (Delil SOULEIMAN/AFP)
Editora ESG
Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 09h12.
Última atualização em 8 de dezembro de 2024 às 09h14.
Os recentes eventos que culminaram na tomada de Damasco e na queda do regime ditatorial de Bashar al-Assad foram conduzidos por duas principais forças rebeldes, tendo como principal protagonista o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ao lado do Exército Nacional Sírio, em uma coalizão de milícias apoiada pela Turquia.
A história da facção HTS é controversa. Seu fundador, Abu Muhammad al-Jolani, participou da insurgência iraquiana contra os Estados Unidos, entre 2003 e 2011, como membro da Al-Qaeda, que mais tarde se transformou no Estado Islâmico (ISIS).
Foi no período entre 2005 e 2008, durante a guerra do Iraque, que al-Jolani ganhou notoriedade. Chegou a ser detido pelas forças americanas e mantido na prisão de Camp Bucca, onde teria conhecido outros militantes, que posteriormente se tornaram líderes de grupos extremistas diversos.
Após sua libertação e o início da guerra civil na Síria, em 2011, fundou a Jabhat al-Nusra (que mais tarde se tornaria o HTS), incialmente uma extensão da Al-Qaeda no Iraque. Em meados de 2016, a aliança com a Al-Qaeda foi rompida publicamente, e o grupo adotou o nome atual, Hayat Tahrir al-Sham, em livre tradução significa "Organização para a Libertação do Levante".
Classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, o HTS é alvo de graves acusações de violação de direitos humanos nas áreas sob seu controle, incluindo execuções de supostos membros de grupos rivais e pessoas acusadas de blasfêmia e adultério.
Aliança Estratégica e o papel da Turquia
A campanha militar decisiva que culminou no que pode ser um ponto final para o regime autoritário de Bashar al-Assad, começou em 27 de novembro, quando os rebeldes capturaram Aleppo, maior cidade síria, e Hama, quarta maior cidade do país. O HTS e o Exército Nacional Sírio, cuja relação tradicionalmente oscilava entre aliança e rivalidade, uniram forças nesta operação, embora com objetivos potencialmente distintos.
A Turquia, que historicamente apoiou forças anti-Assad, recentemente adotou uma postura mais conciliatória, defendendo a reconciliação entre as partes. O país negou enfaticamente, por meio de autoridades, qualquer participação na ofensiva. Contudo, as milícias do Exército Nacional Sírio ainda contam com algum apoio turco, sobretudo para estabelecer uma zona-tampão próxima à fronteira para conter militantes curdos,