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Quem era Qassem Soleimani, o general iraniano morto pelos EUA

Herói para alguns, infame para outros, o general de 62 anos foi morto nesta quinta-feira em um ataque de drones norte-americanos

Soleimani: o iraniano era general da Força Al Quds (Ali Hashisho/Reuters)

Tamires Vitorio

Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 11h13.

Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às 13h32.

São Paulo — O general Qassem Soleimani, 62 anos, era conhecido como um herói no Irã. Para os Estados Unidos e seus aliados, Soleimani era uma figura infame.

Nesta quinta-feira (2), Soleimani foi assassinado no aeroporto de Bagdá, no Iraque, em um ataque ordenado diretamente por Donald Trump, presidente dos EUA. O líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis também morreu no local.

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O iraniano era general da Força Al Quds, elite da Guarda Revolucionária do Irã, desde 1998, e era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país.

Ele exercia um papel-chave nas negociações políticas para formar um governo no Iraque e tinha uma atuação fundamental no reforço da influência diplomática de Teerã no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria.

O general também era tido como uma peça fundamental na luta contra o Estado Islâmico no Iraque por ajudar a armar e treinar uma força paramilitar, o que muitos iraquianos, apesar de a força ter um papel significativo na derrota do EI, consideram uma forma de colonização.

Soleimani também era muito próximo doaiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Khamenei disse, nesta sexta-feira, que "os responsáveis pelo assassinato sofrerão uma dura vingança" e declarou luto nacional de três dias.

O ataque

Segundo informações da imprensa norte-americana, Soleimani deixava o aeroporto de Bagdá junto a integrantes das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã, em dois carros diferentes quando foram atacados por drones dos EUA.

Em comunicado, o Pentágono assumiu a autoria do ataque e afirmou que os Estados Unidos "vão continuar a tomar todas as ações necessárias para proteger seu povo e seus interesses".

Trump tuitou mais cedo que "o Irã nunca ganhou uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação".

Há pouco, o presidente americano voltou ao Twitter para afirmar que "Qassem Soleimani matou ou machucou milhares de americanos por um período longo e planejava matar mais... mas foi pego! Ele era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas" e que "por mais que o Irã não admita, Soleimani era odiado e temido dentro do país".

O norte-americano finaliza a publicação falando que Soleimani "deveria ter sido derrubado muitos anos atrás".

A crise entre Estados Unidos e Irã

A morte de Soleimani acontece em um momento de tensão intensificada entre os Estados Unidos e o Irã.

No domingo (29), os militares norte-americanos mataram pelo menos 25 combatentes na fronteira com a Síria. Esse conflito aconteceu dois dias após a morte de um americano em um ataque por foguete contra uma base militar que abrigava soldados americanos em Kirkuk, no norte do Iraque.

Em resposta, nesta terça-feira (31), iraquianos invadiram a embaixada americana em Bagdá em forma de protesto contra as mortes do domingo. A invasão, segundo o Pentágono, teria sido aprovada por Soleimani e organizada pelo Irã.

No ano passado, os EUA declararam a força revolucionária Al Quds como "uma organização terrorista".

"Esse passo sem precedentes reconhece a realidade de que o Irã não é só um Estado patrocinador do terrorismo, mas também que a IRGC (sigla em inglês da Guarda Revolucionária) participa, financia e promove o terrorismo como uma ferramenta estatal", disse Trump em um comunicado à época.

Na noite desta quinta-feira (2), horas antes do ataque que matou o general iraniano, Mark T. Esper, secretário de defesa dos Estados Unidos, publicou em seu perfil no Twitter que "ataques contra os EUA serão respondidos na hora, maneira e lugar que preferirmos".

(Com informações da agência AFP)

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