Abraço entre ucranianos: helicóptero tinha 18 pessoas, sendo três do governo (AFP/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 07h52.
Última atualização em 18 de janeiro de 2023 às 14h54.
O ministro do Interior da Ucrânia, Denys Monastyrsky, e outras 13 pessoas morreram em um acidente de helicóptero nos arredores de Kiev nesta quarta-feira, 18.
O helicóptero caiu perto de uma escola infantil e de um edifício residencial de 14 andares na localidade de Brovary, a leste da capital. O ministro, de 42 anos, é o mais alto funcionário ucraniano que morre desde o início da invasão russa da Ucrânia há quase onze meses.
Entre as vítimas fatais da tragédia desta quarta há uma criança, segundo os serviços de emergência. Também morreram o vice-ministro de Monastyrsky, Yevhen Yenin, e o secretário de Estado do Interior Yuri Lubkovych.
Até o momento, as autoridades ucranianas não apontaram um possível envolvimento russo, e iniciaram uma investigação para esclarecer as circunstâncias.
A princípio, as autoridades informaram que havia 18 mortos, mas depois revisaram o número de vítimas para 14 com a conclusão das buscas.
Dmitro Serbin, que estava em seu apartamento quando o helicóptero caiu, correu para ajudar as crianças quando viu fogo no jardim de infância.
"As crianças estavam chorando, procurando seus pais [...] tinham cortes nos rostos e estavam cobertas de sangue", contou Serbin à AFP.
"Pegamos uma menina, a envolvi em um casaco, ela tinha ferimentos no rosto [...] ela não estava tremendo ou chorando". A menina estava tão desfigurada que seu pai não a reconheceu em um primeiro momento, disse Serbin. Vinte e cinco pessoas foram hospitalizadas, indicou o serviço de resgate em seu último boletim.
O destino do voo não estava totalmente claro. Segundo o assessor presidencial ucraniano Kirilo Timoshenko, o helicóptero seguia para o front de guerra com a Rússia, apesar de o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmar que voava para o local de um ataque com mísseis na cidade de Dnipro.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou que o acidente foi uma "tragédia terrível".
"A dor é indescritível", destacou Zelensky, acrescentando que ordenou uma investigação para apurar as causas da tragédia.
Monastyrsky, advogado de profissão, estava no cargo desde julho de 2021. Era membro do partido do presidente, estava casado e tinha dois filhos.
"Era jovem, muito criativo, uma boa pessoa [...] sempre pró-ativo e apoiando a defesa da vida de nossos cidadãos", elogiou o prefeito de Kiev.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, foi um dos primeiros a reagir.
"Nós nos juntamos à Ucrânia em luto após o trágico acidente de helicóptero [...]. Monastyrsky era um grande amigo da UE", disse Michel no Twitter.
França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos também expressaram condolências. Além disso, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, ofereceu ajuda a Kiev para investigar as causas do acidente.
A Rússia não se manifestou sobre a tragédia e manteve a pressão, tanto no front leste, onde o seu Exército tenta avançar, como nas declarações.
O presidente Vladimir Putin afirmou nesta quarta-feira que "não tem dúvida" sobre a vitória da Rússia na ofensiva na Ucrânia.
O presidente reiterou que seu país enfrenta um "regime neonazista" na Ucrânia e afirmou que continuará "ajudando" a população do leste ucraniano separatista. "A vitória será nossa", garantiu Vladimir Putin.
Seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, comparou as ações dos países ocidentais contra seu país à "solução final" do regime nazista para exterminar os judeus.
Os comentários de Putin e Lavrov vêm quase 11 meses depois do início da ofensiva na Ucrânia. Nos últimos meses, as forças russas sofreram uma série de reveses ante a contraofensiva ucraniana.
Em resposta às dificuldades no terreno, Putin ordenou a mobilização de 300.000 reservistas, e uma campanha de bombardeios contra a infraestrutura energética ucraniana.
Na semana passada, o Exército russo e mercenários do grupo Wagner anunciaram a tomada da cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, localizada perto de Bakhmut, outro centro urbano que Moscou tenta conquistar há meses.
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