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Putin visita Crimeia e provoca ira da Ucrânia

Vladimir Putin, presidente russo, despertou a ira do governo ucraniano ao visitar a Crimeia, enquanto a Ucrânia sofre com a violência

Vladimir Putin (2º à esquerda): visita de Putin é nova demonstração de força (Grigory Dukor/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2014 às 12h45.

Sebastopol - O presidente russo, Vladimir Putin , despertou a ira do governo de Kiev ao visitar a Crimeia nesta sexta-feira, em uma nova demonstração de força, enquanto a Ucrânia sofre com a violência, com mais de 20 mortos em confrontos em Mariupol (sudeste).

Sessenta insurgentes armados com armas automáticas atacaram a sede da polícia local, indicou o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, em sua página no Facebook.

Ele informou que os confrontos terminaram com 20 mortos entre os separatistas e um policial.

Um jornalista da AFP no local relatou ter visto o prédio da polícia seriamente destruído e parcialmente em chamas.

Ao mesmo tempo, Putin participou em Sebastopol, base histórica da frota russa do Mar Negro, nas celebrações da vitória contra os nazistas, em 1945, celebrada em 9 de maio na ex-URSS.

O governo ucraniano denunciou uma "flagrante violação da soberania da Ucrânia", o que prova que "a Rússia não quer buscar uma solução diplomática".

Os Estados Unidos, na linha de frente contra a Rússia nesta crise, também denunciaram uma visita que só servirá para "exacerbar as tensões".

"Nós não aceitamos a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia", ressaltou Laura Lucas Magnuson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, gabinete de política externa do presidente Barack Obama.

O presidente russo, chegou nesta sexta-feira à tarde na Crimeia após o tradicional desfile militar na Praça Vermelha em Moscou, para sua primeira visita à península do sul da Ucrânia, anexada em março à Rússia depois da chegada ao poder de pró-ocidentais em Kiev.

"O ano de 2014 vai entrar para a história como aquele que tem visto as pessoas que vivem aqui decidir firmemente que ser com a Rússia, o que confirma a sua fidelidade à verdade histórica", disse Putin durante as celebrações 1.945 vitória sobre os nazistas.

"O ano de 2014 vai ficar na história como o ano que viu os povos que vivem aqui decidir com firmeza que estão junto a Rússia, confirmando sua fidelidade à verdade histórica e à memória de nossos ancestrais", declarou Putin por ocasião da celebração da vitória em 1945 sobre os nazistas.

Revista da frota militar

Antes de discursar à multidão, Putin passou em revista uma dezena de navios militares russos no porto de Sebastopol e felicitou, com um megafone, as tripulações, que responderam com gritos, segundo imagens da televisão russa.

Em seguida, um desfile aéreo mobilizou dezenas de aeronaves, incluindo bombardeiros supersônicos Tupolev TU-22 e caças Sukhoi Su-27 e MiG-24 que sobrevoaram a cidade.

A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou esta semana o anúncio do desfile na Crimeia, enquanto que as regiões do leste e sul da Ucrânia, onde Kiev e o Ocidente acusam Moscou de incitar o separatismo, afundam na violência.

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  • Nesta sexta-feira, Putin elogiou a "força do patriotismo" russo durante o desfile militar de 11.000 homens e dezenas de tanques, lança-mísseis, helicópteros e bombardeiros ​​em Moscou comemorando a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945.

    "A vontade de ferro do povo soviético, a sua coragem e firmeza salvaram a Europa da escravidão", declarou.

    A anexação em março da Crimeia à Rússia foi e estopim para a pior crise entre russos e ocidentais desde o fim da Guerra Fria.

    Na Ucrânia, as comemorações foram mais discretas. Em Kiev, uma breve cerimônia foi realizada em um parque da cidade na presença do primeiro-ministro Arseniy Yatseniuk.

    "Há 69 anos combatemos com a Rússia contra o fascismo e nós vencemos. Hoje, a Rússia lançou uma guerra contra a Ucrânia", declarou Yatseniuk, chamando Moscou a "parar de apoiar terroristas que matam civis na Ucrânia".

    Putin adotou na quarta-feira um tom mais conciliador do que o habitual. Ele propôs um cenário de "diálogo", pedindo para Kiek para a operação militar em curso no leste, em troca do adiamento de um "referendo" sobre a independência no leste da Ucrânia, previsto para domingo, mas os separatistas decidiram na quinta-feira manter esta consulta.

    Kiev não voltará atrás

    Por sua vez, o governo ucraniano reiterou na quinta-feira não ter a intenção de renunciar à restauração da ordem no leste. Em 2 de maio, as novas autoridades lançaram uma operação militar que já resultou em dezenas de mortes.

    Em Slaviansk, reduto rebelde pró-russo, tiros e explosões foram ouvidos durante a noite. Três blindados, um deles com a bandeira russa, desfilaram nesta manhã no centro da cidade, cuja praça principal estava lotada de pessoas.

    Os separatistas desejam confiar a direção da insurreição a um homem chamado Igor Strelkov, que segundo os serviços de segurança ucranianos é um coronel do serviço de espionagem russo.

    Strelkov lidera atualmente a milícia em Slaviansk e foi "proposto como comandante de todas as forças de 'autodefesa' de Donbas", importante região mineradora, anunciou o governador auto-proclamado de Donetsk, Pavlo Gubarev.

    Strelkov, de 43 anos, nega ser um coronel russo, mas os ucranianos culpam ele pelo sequestro dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), libertados em 3 de maio.

    De acordo com autoridades ucranianas, este homem se chama Igor Guirkin e vivia em Moscou, até deixar sua cidade em fevereiro para cruzar a fronteira.

    A tensão continua forte na Ucrânia com a aproximação da eleição presidencial antecipada de 25 de maio, que deverá permitir a eleição de um sucessor de Viktor Yanukovich.

    O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, é esperado segunda-feira em Kiev para expressar o apoio da União Europeia à Ucrânia antes da eleição.

    Também há questões econômicas em jogo. A Rússia anunciou na quinta-feira que passará a fornecer gás para a Ucrânia apenas mediante pagamento prévio, devido a uma dívida de US$ 3,5 bilhões.

    Esta medida poderia ameaçar o fornecimento de gás para a Europa, que importa um quarto de seu gás da Rússia, quase a metade através da Ucrânia.

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