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Putin faz giro e aceita eleições presidenciais da Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, surpreendeu ao aceitar as eleições na Ucrânia e pedir aos insurgentes pró-russos que adiem seu referendo


	O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante comício: líder do Kremlin foi além no que parece uma mudança de estratégia em relação ao conflito
 (Maxim Shemetov/Reuters)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante comício: líder do Kremlin foi além no que parece uma mudança de estratégia em relação ao conflito (Maxim Shemetov/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2014 às 14h15.

Moscou - Em um giro inesperado na cada vez mais violenta crise ucraniana, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, surpreendeu nesta quarta-feira ao aceitar as eleições na Ucrânia e pedir aos insurgentes pró-russos que adiem seu referendo independentista.

"Pedimos aos representantes do sudeste da Ucrânia, aos partidários da federalização do país, que adiem o referendo previsto para o próximo dia 11 de maio", disse Putin, ao explicar que com isso se criariam "as condições necessárias para o diálogo" com o governo ucraniano.

O líder do Kremlin foi além no que parece uma mudança de estratégia em relação ao conflito ao aceitar pela primeira vez as eleições presidenciais adiantadas que as novas autoridades de Kiev programaram para 25 de maio.

Foi depois de se reunir hoje em Moscou com o presidente da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Didier Burkhalter, que chegou em missão mediadora, que o líder russo afirmou que a eleição "é um passo em uma boa direção".

Uma afirmação muito afastada da desqualificação e falta de legitimidade que Moscou atribuiu ao pleito, convocado após a chegada ao poder dos opositores que derrubaram o presidente Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro, em um "golpe de Estado anticonstitucional", acusa o Kremlin.

O sinal verde da Rússia foi dado após uma intensa pressão política e diplomática pela União Europeia e pelos Estados Unidos nos últimos dias, coincidindo com a ofensiva militar lançada pelas autoridades ucranianas no leste e o aumento da violência no país.

O Ocidente, o principal avalizador dos dirigentes de Kiev, lançou alarmantes advertências de que um cancelamento das eleições significaria o caos para a Ucrânia e o fim da ajuda prometida pelo FMI para salvar o país do colapso financeiro.

A Rússia, enquanto isso, criticava a realização da eleição em meio a operação militar que acontece nas regiões pró-russas, como disse o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, aos seus colegas do Conselho da Europa.


Putin ponderou hoje, no entanto, que as eleições não decidirão nada "se todos os cidadãos da Ucrânia não entenderem como os seus direitos serão garantidos após a realização".

Foi uma clara alusão à minoria pró-russa e a exigência de Moscou de que seja feita uma reforma constitucional na Ucrânia que proteja as particularidades deste segmento de população e dê maior autonomia às regiões onde são majoritários.

"Entendo as pessoas no sudeste da Ucrânia que se perguntam por que a capital os deixaram fazer o que fizeram: montar um golpe de Estado, se armarem e atacarem edifícios administrativos, a polícia e unidades militares; por que Kiev permitiu fazer tudo isso, enquanto eles não podem defender seus interesses e direitos legítimos", refletiu Putin.

O presidente russo também ameaçou Kiev de suspender a ofensiva militar contra as fortificações pró-russas da região de Donetsk, que já causou várias dezenas de mortos entre milicianos e militares, deduzindo que esta operação aguçará unicamente as divisões na sociedade ucraniana.

"A Rússia se dirige às autoridades de Kiev com a exigência que interrompam imediatamente todas as operações de retaliação no sudeste do país", disse.

Putin garantiu que a Rússia retirou suas tropas da fronteira com a Ucrânia e as levou para as bases de treino regular, o que também era causa de tensão entre Moscou e Kiev.

Após a reunião em Moscou, o chefe da OSCE descartou a realização, por enquanto, de uma nova reunião sobre a Ucrânia em Genebra.

"Não se estuda por enquanto realizar uma conferência sobre o cumprimento dos acordos de Genebra (de 17 de abril). Ou seja, não se planeja uma chamada Genebra 2", manifestou.

E qualificou de "realistas" as perspectivas de um diálogo nacional como via de saída da crise provocada pela sublevação pró-russa.

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