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Programa utiliza drones para impulsionar mudança social na Índia rural

O programa quer ajudar a modernizar a agricultura do país, reduzir os custos trabalhistas e poupar tempo e água em um setor dependente de tecnologias atrasadas e dos desafios da mudança climática

Entenda como funciona o programa (Abhaya SRIVASTAVA/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 7 de março de 2024 às 09h38.

Sharmila Yadav era dona de casa na Índia rural, mas sempre quis ser piloto. Agora vive seu sonho remotamente, pilotando um drone de alta potência para ajudar a cultivar as terras de sua região.

Yadav, de 35 anos, participou do programa "Drone Sister" financiado pelo governo que treinou centenas de mulheres para pilotar esses equipamentos que pulverizam fertilizantes nas plantaçõesindianas .

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O programa quer ajudar a modernizar a agricultura do país, reduzir os custos trabalhistas e poupar tempo e água em um setor dependente de tecnologias atrasadas e dos desafios da mudança climática.

Mas também é uma mostra da mudança de atitude da Índia rural em relação às mulheres trabalhadoras, que tradicionalmente tinham poucas opções de acessar o mercado de trabalho e eram estigmatizadas se o fizessem.

"Antes era difícil para as mulheres saírem de casa. Se pensava que elas só podiam fazer os trabalhos domésticos e cuidar das crianças", disse à AFP Yada ao terminar o dia, durante o qual seu drone sobrevoou um campo de trigo exuberantemente verde."As mulheres que iam trabalhar eram olhadas de cima a baixo. Eram criticadas por não cumprir suas obrigações de mãe. Mas a mentalidade está mudando gradualmente", disse essa mãe de dois filhos.

Depois de se casar com um agricultor, Yadav tomou conta de seu lar por 16 anos.

Oportunidades de trabalho e desigualdade social

Em sua pequena aldeia perto da cidade de Pataudi, a poucas horas de carro de Nova Déli, as oportunidades de trabalho para uma mulher eram ínfimas.

Agora, ganha 50.000 rúpias (2.981 reais), pouco mais que o dobro da receita média mensal em sua região de Haryana, para pulverizar fertilizantes em 60 hectares de plantação duas vezes a cada cinco semanas.

Mas para ela, a nova ocupação é muito mais que "uma fonte de receitas".

"Me sinto muito orgulhosa quando alguém me chama de piloto. Nunca sentei em um avião, mas me sinto como se estivesse voando em um agora", afirma.

Voar mais alto

Yadav faz parte do primeiro grupo de 300 mulheres treinadas pela Indian Farmers Fertiliser Cooperative Limited (IFFCO), a principal fabricante de fertilizantes químicos do país.

As mulheres participantes recebem de presente um drone de 30 kg e um veículo movido a bateria para transportá-lo.

Outras empresas de fertilizantes aderiram ao programa que visa treinar 15.000 "irmãs drones" no país.

"Esse programa não trata apenas de emprego, mas também de capacitação e empreendedorismo rural", disse Yogendra Kumar, diretor de marketing da IFFCO, à AFP.

"As mulheres, que antes não podiam sair de casa por causa das atitudes patriarcais arraigadas e da falta de oportunidades, estão se apresentando com entusiasmo para participar", explica ele. "Agora elas podem arcar com as despesas domésticas sozinhas, sem depender de outras pessoas", diz ele.

Como funciona?

Antes de entrar no treinamento, as mulheres precisam passar por uma entrevista.

Em seguida, elas recebem uma semana de aulas teóricas, fazem um teste escrito e, se forem aprovadas, concluem o curso com uma semana de treinamento prático.

Nisha Bharti, instrutora da escola Drone Destination, diz que a transformação de suas alunas à medida que aprendem a pilotar o aparelho é muito encorajadora.

"Quando elas chegam aqui pela primeira vez, vindos de seus vilarejos, ficam muito nervosas. Mas quando terminam o curso, ficam superconfiantes", explica.

"É como se ganhassem asas e quisessem voar cada vez mais alto", diz ela.

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