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Pressão aumenta sobre líderes do G20 a horas da COP26

Um alívio deve vir do anúncio de que os países chegaram a um acordo sobre a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais

Líderes do G20 posam para fotos na Fontana de Trevi, em Roma (Foto/AFP)
AL

André Lopes

Publicado em 31 de outubro de 2021 às 09h28.

Última atualização em 31 de outubro de 2021 às 09h29.

Os líderes das 20 principais economias do planeta, responsáveis por 80% das emissões de gases poluentes, debatem, neste domingo, 31, em Roma, o combate às mudanças climáticas, entre apelos para enviar uma mensagem clara a horas do início da COP26, em Glasgow.

Três fontes próximas às negociações disseram que os países do G20 chegaram a um acordo sobre a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

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As fontes indicaram que os negociadores concordaram com este nível, que é superior ao Acordo de Paris de 2015, que preconizava manter o aquecimento abaixo de 2ºC e, na medida do possível, 1,5ºC.

"Estamos diante de uma escolha simples: podemos agir agora ou lamentar mais tarde", declarou o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para quem as medidas tomadas desde o Acordo de Paris foram "insuficientes".

Embora, no dia anterior, o G20 tenha mostrado capacidade de alcançar consenso mesmo nas questões mais espinhosas, como um imposto corporativo global, as ambições climáticas continuam sem grandes expectativas.

"Chegou a hora de fazer o máximo em Roma para que os membros do G20 contribuam de forma útil em Glasgow", comentou o presidente francês, Emmanuel Macron, ao jornal Le Journal du Dimanche, esclarecendo, porém, que, antes de uma COP, "nada é decidido com antecedência".

A COP, organizada pela ONU, é o encontro anual para debater e definir compromissos no combate às mudanças climáticas. E o encontro de Glasgow, que vai até 12 de novembro, é ainda mais importante já que não houve reunião em 2020 por conta da pandemia.

A agenda da conferência ministerial tem quatro grandes temas e é tão complexa que as negociações vão começar ainda neste domingo, sem esperar pelos grandes discursos dos cerca de 130 chefes de Estado e de Governo, marcados para segunda e terça-feira.

Por isso, o foco está na declaração final do G20, cuja negociação é ainda mais difícil na ausência de líderes de países como China, Rússia, Japão ou México, que participam por videoconferência.

A China é fortemente dependente do carvão, uma energia fóssil altamente poluente, para operar suas usinas em meio a uma crise energética, mas mostrou sinais de mudança ao se comprometer em setembro a parar de construir usinas a carvão no exterior.

"A mudança climática não pode ser negada. E a ação climática não pode ser adiada. Trabalhando com nossos parceiros, devemos enfrentar esta crise global com urgência e ambição", tuitou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

As discussões se concentram em quais especificidades dar às medidas para alcançar a meta de 1,5ºC, como o prazo a ser estabelecido para alcançar a neutralidade de carbono.

E o principal entrave à negociação é o fim do financiamento das usinas a carvão e do uso dessa energia fóssil, apontou uma fonte da presidência francesa.

"O G20 deve assumir um compromisso especial para interromper a construção de novas usinas a carvão a partir deste ano e acabar com o subsídio aos combustíveis fósseis a partir de 2025", exortou Friederike Röder, vice-presidente da ONG Global Citizen.

Para este segundo dia de encontro, o príncipe de Gales, Charles, convidado para a cúpula, disse aos líderes que eles têm uma "responsabilidade avassaladora" para com as gerações futuras.

A última coletiva de imprensa do G20, presidida pelo chefe do Governo italiano, está marcada para o meio dia. Em seguida, a maioria dos líderes presentes em Roma se dirigirá para a cidade escocesa.

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