O principal veículo de informação da TV peruana mostrou o presidente a família assim que saíram do palácio de governo (Lucas Aguayo Araos/Anadolu Agency/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 17h16.
Última atualização em 7 de dezembro de 2022 às 17h36.
Depois de anunciar a dissolução do Congresso e sofrer impeachment, o presidente do Peru Pedro Castillo foi preso nesta quarta-feira, 7. A decisão veio logo após a tentativa de golpe de estado, transmitida em rede nacional no início da tarde de hoje.
O principal veículo de informação da TV peruana mostrou o presidente e a família assim que saíram do palácio de governo. Todos foram detidos enquanto saíam do local e Dina Boluarte, vice-presidente do Peru, foi convocada para assumir à presidência — e deve assumir o cargo a partir das 17h no horário de Brasília.
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Pedro Castillo, foi exonerado do cargo em processo de impeachment. O Congresso do Peru aprovou o afastamento do líder peruano após votação. Foram 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções. A oposição direitista a Castillo conseguiu inclusive ultrapassar a quantidade mínima para aprovar o afastamento do então presidente, de 87 votos.
Em 16 meses, esta foi a terceira tentativa de impeachments feita pelo Congresso.
Eleito de forma democrática ao final de 2021, em uma disputa acirrada contra a direitista Keiko Fujimori — filha de Alberto Fujimori, responsável por um governo autoritário na década de 1990 —, Castillo já respondia a um processo de impeachment e, em pronunciamento na TV aberta, declarou que faria um "governo de exceção para restabelecer o estado de direito e a democracia".
Em mensagem televisionada à nação, o presidente disse, horas antes, que seriam convocadas eleições para um novo Congresso com poderes constituintes o mais breve possível.
Após ter o resultado das eleições contrariado por adversários, o Congresso, desacreditado que Castillo teria sido eleito de forma legal, tentou avançar com o processo de impeachment por "incapacidade moral permanente".
Aos 52 anos, Castillo era um nome relativamente desconhecido mesmo dentro do Peru. Em 2017, ganhou alguma projeção nacional ao liderar uma greve de professores, mas fora esse movimento, não teve cargo político até agora.
Ele nasceu na cidade de Puña, na província de Chota, e vive na mesma região até hoje. Se formou em educação na Universidade César Vallejo e fez mestrado em psicologia educacional, começando a lecionar nos anos 1990 na educação primária. De 2005 a 2017, também foi membro regional do antigo partido de centro-esquerda Perú Posible, quando concorreu a um cargo local, mas perdeu.
Visto como tendo características populistas, o professor já afirmou defender maior participação do Estado na economia e políticas marxistas. Também é conservador em pautas de costumes, como a ampliação de direitos de LGBT e mulheres. Sua posição ambígua em relação aos setores mais modernos da esquerda atraiu parte dos votos de peruanos mais conservadores fora dos grandes centros.
Eleito de forma democrática ao final de 2021, em uma disputa acirrada contra a direitista Keiko Fujimori, filha de Alberto Fujimori, responsável por um governo autoritário na década de 1990, Castillo respondia a um processo de impeachment e, em pronunciamento na TV aberta, declarou que fará um "governo de exceção para restabelecer o estado de direito e a democracia".
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