Mundo

Presidente do Peru ameaça dissolver Congresso caso não receba apoio

Congresso peruano é dominado pela oposição fujimorista, que manteve encurralado o antecessor de Martín Vizcarra durante seus 20 meses de mandato

Martín Vizcarra: presidente do Peru ameaçou no domingo à noite dissolver o Congresso (Mariana Bazo/File Photo/Reuters)

Martín Vizcarra: presidente do Peru ameaçou no domingo à noite dissolver o Congresso (Mariana Bazo/File Photo/Reuters)

A

AFP

Publicado em 17 de setembro de 2018 às 09h37.

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, ameaçou no domingo à noite dissolver o Congresso em caso de demora ou rejeição a seu pacote de reformas constitucionais destinadas a combater a corrupção.

Em um discurso exibido na televisão, Vizcarra advertiu que em caso de demora do Congresso para aprovar suas reformas políticas e judiciais, apresentará a "questão de confiança", norma constitucional que abre o caminho para dissolver o Parlamento.

"Respeitoso da Constituição (...) recorro a ela, colocando como testemunhas todos os peruanos e invoco a aplicação de seu artigo 133 'Consideramos a questão de confiança ao Congresso da República', para aprovar as quatro reformas constitucionais apresentadas ao Congresso" em resposta a um escândalo no poder judicial, disse Vizcarra.

O Congresso peruano é dominado pela oposição fujimorista, que manteve encurralado o antecessor de Vizcarra, Pedro Pablo Kuczynski, durante seus 20 meses de mandato, até obter a renúncia de PPK em 21 de março.

Uma "lua de mel" entre Vizcarra e o partido de Keiko Fujimori terminou de modo abrupto há quase dois meses, justamente pelo esforço do presidente para estimular as reformas, que além de abordar questões do Judiciário também ameaçam o poder do fujimorismo no Parlamento.

"As tão necessárias Reforma Política e Reforma do Sistema de Justiça são questões de Estado e, como tais, prioritárias, para o Poder Executivo para lutar contra a corrupção", disse Vizcarra, há quase seis meses no poder.

Após o discurso de Vizcarra, o presidente do Congresso, Daniel Salaverry, convocou uma reunião de líderes de bancadas para esta segunda-feira.

O opositor Víctor Andrés García Belaunde chamou a mensagem presidencial de "totalmente política e com doses de demagogia pura".

"Vizcarra está utilizando uma fórmula exagerada para poder seguir aumentando sua popularidade", disse.

Vizcarra anunciou que convocou o Congresso para uma sessão extraordinária na quarta-feira para examinar sua proposta de reforma constitucional, uma resposta ao escândalo de áudios de juízes que praticam tráfico de influência e vendem sentenças.

O escândalo provocou a queda do presidente da Corte Suprema, Duberlí Rodríguez, e do ministro da Justiça, Salvador Heresi. Doze magistrados foram detidos, incluindo o presidente do Tribunal de Apelações del Callao, Walter Ríos.

Outro envolvido é o juiz da Corte Suprema César Hinostroza, enquanto o procurador-geral, Pedro Pablo Chávarry, está no olho do furacão, mas se recusa a renunciara ao cargo.

Vizcarra, que deseja mudar o sistema de designação e controle dos juízes, destacou que o caso das conversas telefônicas de juízes explodiu 18 anos depois do escândalo dos 'vladivídeos', vídeos gravados pelo então diretor de inteligência Vladimiro Montesinos, que revelaram a corrupção e precipitaram a queda do presidente Alberto Fujimori (1990-2000).

O presidente anunciou que pretende convocar um referendo sobre suas propostas para 8 de dezembro.

Keiko Fujimori descartou a urgência de um referendo este ano. A consulta popular proposta por Vizcarra inclui o fim da reeleição de parlamentares e o retorno do Congresso bicameral.

De acordo com uma pesquisa do instituto Ipsos, 76% dos peruanos votariam contra a reeleição de congressistas e 55% aprovariam o retorno do Congresso bicameral.

Acompanhe tudo sobre:CongressoPeru

Mais de Mundo

Trump diz que vai 'precisar de um Musk' pra fechar o ministério de Educação em entrevista no X

Ucrânia relata grande avanço em Kursk, na Rússia – Putin diz que dará resposta 'digna'

Com ameaça de ataque do Irã, Exército de Israel afirma estar 'no mais elevado nível de prontidão'

Maduro exige 'mão de ferro' após protestos que deixaram 25 mortos na Venezuela

Mais na Exame