Segundo o comunicado da presidência da Costa Rica, a marcha não conta com autorização das autoridades, o que foi negado pelos organizadores do evento. (Marc Bruxelle/EyeEm/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 30 de junho de 2024 às 16h30.
O presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, demitiu, neste sábado (29), a ministra da Cultura e Juventude, Nayuribe Guadamuz, e o comissário de Inclusão Social, Ricardo Sosa, por apoiarem a marcha LGBTQIAP+ convocada para este domingo (30) na capital do país, San José.
"A decisão foi tomada porque processaram uma declaração de interesse cultural para uma marcha do orgulho LGBTI sem a autorização do presidente", informou o governo da Costa Rica em comunicado.
Segundo a nota, Chaves "não tinha conhecimento dessa declaração", portanto a demissão dupla se deve ao fato de os responsáveis não o terem notificado da decisão.
"A declaração de interesse cultural da atividade foi anulada pelo governo esta tarde (sábado)", acrescenta o comunicado.
Neste domingo, está convocada uma marcha em San José em defesa dos direitos das pessoas LGBTQIAP+, que começará do Parque Sabana até a Plaza de la Democracia, em frente ao Congresso dos Deputados.
Segundo o comunicado da presidência da Costa Rica, a marcha não conta com autorização das autoridades, o que foi negado pelos organizadores do evento."A marcha continua, o ato que está fazendo o senhor presidente é um ato ilegal, os procedimentos foram feitos como é feito em qualquer atividade", sinalizou Geovanny Delgado, porta-voz da Marcha da Diversidade.
A decisão de Chaves “é simplesmente um ato populista, como o que (o presidente de El Salvador) Nayib Bukele fez nesses dias, lamentamos que se prestem para um show”, acrescentou Delgado.
Bukele despediu em julho mais de 300 funcionários do Ministério da Cultura por promover "agendas" incompatíveis com a visão de seu governo. Ele não mencionou a que "agendas" ou "visão" se referia, mas na semana passada nomeou o ministro da Cultura, o ex-docente Raúl Castillo, para que "garantir" pelos os "valores" da família salvadorenha.
O anúncio de Bukele aconteceu dias após o Ministério da Cultura anunciar que cancelou a apresentação de uma peça de teatro porque, em seu primeiro e único dia em cartaz, mostrou "conteúdo impróprio para famílias salvadorenhas".
Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional da Guatemala se recusou a proibir a marcha do Orgulho convocada para sábado pela comunidade LGBT, mas ordenou ao governo que garantisse a “proteção” dos “valores” e da “moral”.O tribunal superior emitiu ordem concedendo proteção provisória a um advogado conservador que buscava impedir o desfile, que ocorreu nas ruas do centro da Cidade da Guatemala, a capital.