Mundo

Premiê iraquiano promete acabar com ofensiva jihadista

O primeiro-ministro iraquiano prometeu derrotar os jihadistas que assumiram o poder, em apenas 10 dias, de grande parte do Iraque

Forças especiais no Iraque: jihadistas se aproximam de Bagdá (Sabah Arar/AFP)

Forças especiais no Iraque: jihadistas se aproximam de Bagdá (Sabah Arar/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2014 às 12h56.

Kirkuk - O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, prometeu nesta quarta-feira derrotar os jihadistas que assumiram o poder, em apenas 10 dias, de grande parte do Iraque e que se aproximam de Bagdá.

Al-Maliki, um xiita odiado pelos insurgentes sunitas e de forma mais geral pela minoria sunita no Iraque, declarou que suas forças enfrentam os rebeldes, após as derrotas nos primeiros dias da ofensiva jihadista lançada em 9 de junho

Nesta quarta-feira, o porta-voz das forças de segurança garantiu que libertará a estratégica cidade xiita de Tal Afar (noroeste), em parte controlada pelos insurgentes.

O exército iraquiano tentará "libertar toda a cidade antes do amanhecer de quinta-feira", declarou, acrescentando que as tropas seguirão para leste, em direção a Mossul, a segunda maior cidade do país, controlada pelos jihadistas.

No exterior, a Arábia Saudita advertiu para o risco de uma guerra civil, enquanto o Irã afirmou que fará tudo para proteger os lugares santos do islã xiita no Iraque.

"Nós vamos combater o terrorismo e derrotar a conspiração", assegurou em um discurso televisionado Maliki, no poder desde 2006.

"Um revés não é uma derrota", acrescentou, assegurando que as forças armadas tinham retomado a iniciativa, conseguido parar a escalada e atingir os jihadistas da Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL).

O governo Maliki é marcado por divisões sectárias entre xiitas e sunitas e enfrenta há mais de um ano uma onda de violência alimentada pelo descontentamento da minoria sunita, que se sente marginalizada, e da guerra na vizinha Síria, onde o EIIL também é ativo.

Na terça-feira, o premiê afastou altos comandantes acusados de fugirem do campo de batalha no início da ofensiva.

As forças rebeldes lideradas pelos jihadistas do EIIL e apoiadas por partidários do e-presidente sunita Saddam Hussein, tomaram na semana passada a cidade de Mossul e grande parte de sua província Nínive, assim como Trikit e partes das províncias de Saladino, Diyala (leste) e Kirkuk (norte).


Impacto limitado no mercado petrolífero

No terreno, os combatentes jihadistas atacaram na madrugada desta quarta-feira a principal refinaria de petróleo do Iraque, ao norte de Bagdá, e os combates prosseguem, segundo funcionários da instalação.

Os rebeldes conseguiram entrar na refinaria de Baiji, na província de Saladino, e as forças de segurança tentam provocar o recuo dos insurgentes.

Alguns depósitos da refinaria, que fica 200 km ao norte de Bagdá, foram incendiados.

Até o momento, as autoridades do setor petrolífero consideravam "limitados" os impactos da violência na produção de petróleo do Iraque, segundo maior exportador da Opep.

"O ataque contra a principal refinaria de Baiji pode significar uma fonte de petróleo para o EIIL, mas o impacto do ataque é provavelmente menor do que acreditamos", considera Rebecca O'Keeffe, analista da Interactive Investor.

Antes do anúncio deste ataque, os preços do petróleo estavam instáveis na Ásia. Além dos campos do Curdistão (norte), controlados pelas autoridades locais, a maioria da produção de petróleo do Iraque está localizado no sul, longe da ofensiva.

Risco de guerra civil

No norte do Iraque, os jihadistas tomaram três novas cidades, e no oeste o exército tenta retomar a cidade de Tal Afar, após repelir com sucesso os insurgentes de Baquba (60 km a nordeste de Bagdá).

Na província de Nínive, quarenta indianos que trabalhavam na construção civil foram sequestrados na região de Mossul, onde 80 cidadãos turcos continuam reféns dos jihadistas desde a semana passada.

Depois de acusar Maliki de conduzir o Iraque à beira do caos com sua política de exclusão dos sunitas, a monarquia sunita da Arábia Saudita considerou que a situação no Iraque "carrega as premissas de uma guerra civil que afetaria a região". No dia anterior, Maliki acusou Riad de apoiar os extremistas.

Para os especialistas, o que tem acontecido atualmente tem suas origens na invasão dos Estados Unido em 2003 que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein, mas também na política religiosa de al-Maliki.

"Os americanos desmantelaram as instituições, mas Maliki entrará para a história como alguém que perdeu as rédeas do Iraque", assegurou uma dessas analistas, Ruba Husari.

Acompanhe tudo sobre:BagdáEstado IslâmicoIraqueIslamismoSunitasViolência política

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal