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Por que Kamala Harris é 'brat' — e como memes podem atrair o voto dos jovens e da geração Z

Álbum da cantora Charli XCX tomou as redes com mensagem de empoderamento feminino e rebeldia, e a campanha da democrata tenta capturar essa narrativa

Kamala Harris com o verde neon "brat" (Reprodução/Exame)
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 26 de julho de 2024 às 16h08.

Última atualização em 26 de julho de 2024 às 16h20.

A vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris tem tido uma semana, digamos, especial: após a desistência deJoe Biden, recebeua maior arrecadação presidencial da história — foram cerca de R$ 451 milhões investidos pelos democratas em 24 horas —; garantiu o apoio da maioria dos delegados democratas e passou a ser a escolha principal do partido, e, talvez o feito mais difícil de todos, conquistou uma parte significativa da geração Z com memes sobre sua candidatura.

No Brasil, piadas sobre como a vice " já está'kamala'pronta para assumir a Casa Branca" e imagens de convites para dividir caravanas até os EUA no dia da eleição já viralizaram. Mas, na terra do tio Sam, Kamala Harris é 'brat' e um 'femininomenon' títulos de criações de duas das maiores artistas do momento e que transmitem mensagens de empoderamento feminino e rebeldia, mas que auxiliar a campanha da democrata em uma eleição acirrada contra o ex-presidente Donald Trump.

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Faltam 100 dias para as eleições, mas uma pesquisa recente aponta que Trump está na frente de Harris em quatro estados decisivos, variando entre 47% a 49% das intenções de voto. Mesmo assim, Kamala aumentou o número de votos dos democratas nestes estados, na comparação com o que era obtido por Biden.

Já uma pesquisa da Axios/Generation Lab , realizada após a desistência de Biden, mostrou que 60% das pessoas entre 18 e 37 anos entrevistadas apoiariam Harris nas eleições em novembro, ante 40% para Trump. Quando Biden ainda era o principal candidato pelo Partido Democrata, o presidente dos EUA tinha 53% e o republicano, 47%, o que indica que Kamala é a predileta da maioria da geração Z, aqueles nascidos entre aproximadamente 1997 e 2012.

"Ela pode obter os votos de negros, asiáticos, latinos, mulheres, LGBTQ+ e jovens. Kamala defende mais o progresso e a igualdade do que um velho branco e, se vencer, será histórico. Os democratas precisam de uma atitude ousada e acho que ela é exatamente o que precisamos", disse um jovem de 22 anos de Portland, Oregon, ao The Guardian .

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Kamala vai conquistar a geração Z?

Apesar de o fenômeno brat ter tomado conta de todos os noticiários americanos, Kamala e sua equipe têm se aproveitado de outras tendências virtuais, especialmente aquelas que surgem no TikTok. A plataforma chinesa, que ainda corre risco de ser banida dos Estados Unidos, é ideal para disseminar conteúdos rapidamente.

Um dos memes adotados pela geração Z é uma frase dita por Kamala durante um discurso em 2023: "You think you just fell out of acoconut tree?". O vídeo viral mostra a vice-presidente falando de forma dura, depois rindo e rapidamente retomando o tom sério novamente: "Você acha que apenas caiu de um coqueiro? Você existe dentro de um contexto de tudo que você viveu e do que veio antes de você", disse a vice. O momento acabou se transformando em algo que é metade meme, metade filosofia de vida para uma geração imersa no sarcasmo.

Outra música que a equipe de Kamala aproveita — vale ressaltar que sons virais no TikTok são um dos jeitos mais eficazes de se comunicar e, principalmente, se destacar na plataforma é " Femininomenon ", da cantora em ascensão Chappell Roan. O título é uma brincadeira com as palavras "fenômeno" e "feminino". Um vídeo que toca o refrão e alterna entre fotos de Trump e Harris, publicado na conta oficial da equipe de Kamala, conseguiu 46 milhões de visualizações e 6 milhões de curtidas.

Muitas vezes, quando um político ou figura pública entra na onda do meme, o tiro pode sair pela culatra. O que antes era uma piada genuína entre uma comunidade pode se transformar em algo inautêntico — e nada afasta a geração Z mais rápido de uma tendência do que a sensação de não estar mais em controle da diversão.

Até aqui, o contrário aconteceu com Kamala, que nesta semana se viu não só no centro das conversas em Washington mas também da cultura digital. Se isso vai garantir sua entrada na Casa Branca em 2025, só os próximos meses irão dizer — mas, pelo menos por enquanto, ela já está "Kamala pronta".

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