Governo Milei: após alta em maio, economia da argentina teve queda em junho (RALF HIRSCHBERGER/AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 09h57.
Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 12h10.
A atividade econômica da Argentina recuou 3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira, 21.
A contração foi pior do que as projeções de mercado. De acordo com pesquisa da Reuters, a média das estimativas era de uma queda de 1,9%. Nem a pior das projeções, de 3,2%, chegou perto da queda de 3,9% registrada.
O resultado vem após o PIB apresentar uma alta de 2,3% em maio, um movimento inesperado, já que o país vinha de seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica. Nos primeiros seis meses do ano, a atividade econômica da Argentina acumulou uma queda de 3,2%. No ano passado, a economia da Argentina contraiu 1,6%, contra um crescimento de 5% em 2022.
A agricultura, com um forte peso na economia argentina, teve um papel importante neste ano para impulsionar o PIB — em junho, registrou um salto de 82,4% em relação a junho de 2023, quando o setor agrícola argentino estava sofrendo com uma grave seca.
Porém, o setor não foi suficiente para evitar uma queda generalizada no indicador, com nove das 16 divisões incluídas na medição em declínio, sendo a construção (-23,6%), a manufatura (-20,4%) e o comércio (-18,6%) as que mais caíram.
Após assumir a presidência em dezembro passado, Javier Milei promoveu uma série de ajustes que levaram a um "choque na economia". As tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços básicos deixaram de ser subsidiadas pelo governo, o que provocou um aumento considerável nos preços.
Além disso, Milei também paralisou obras e interrompeu o repasse de dinheiro para os estados, visando reduzir os gastos públicos. Universidades também foram prejudicadas.
Com isso, com menos dinheiro em circulação, a inflação está em desaceleração. Chegou a 4% em julho, o menor patamar desde 2022. Juros também começaram a cair. O país registrou o seu primeiro superávit desde 2008 no primeiro trimestre deste ano.
Essa política austera trouxe outras consequências também. Salários e aposentadorias sofreram uma queda importante. Milhares de demissões ocorreram. Hoje, 41,7% dos 46,7 milhões de argentinos estão abaixo da linha da pobreza.
Com esses movimentos, o Fundo Monetário Internacional fechou um acordo de US$ 800 milhões com a Casa Rosada, destacando o "primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".