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Pesos produzidos pela China: Milei suspende impressão de notas pela Casa da Moeda

Notas de maior valor passaram a ser produzidas no exterior, sobretudo a China; sindicatos protestam contra a decisão

Governo Milei falou que a Casa da Moeda seguirá produzindo passaportes e outros documentos (Juan Mabromata/AFP)

Governo Milei falou que a Casa da Moeda seguirá produzindo passaportes e outros documentos (Juan Mabromata/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 09h44.

O presidente argentino, Javier Milei, mandou suspender a impressão de notas pela Casa da Moeda do país, entidade que vinha tendo esse papel desde 1875. Cerca de 1.300 pessoas trabalham na estatal. "O governo continua a atacar a nossa soberania econômica”, criticou o sindicato dos trabalhadores da organização em reportagem do El País.

No início deste mês, o governo Milei anunciou a reestruturação da Casa da Moeda. Nesta semana, o Banco Central rescindiu os contratos que tinha com a empresa alegando custos elevados, não cumprimento de prazos atrasos no fornecimento de notas de 1.000 e 2.000 pesos, cujo valor foi "devorado" pela inflação.

Estima-se que na Argentina, país com 46 milhões de habitantes, circulem quase 12 bilhões de notas.

O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, sustentou que o objetivo do Executivo é “tornar a Casa da Moeda mais eficiente”. “Parece-nos que a emissão de notas de baixo valor não faz qualquer sentido em termos de relação custo-benefício.” O governo decidiu também intervir durante 180 dias na empresa, que "apresenta graves deficiências infraestruturais, maquinário obsoleto e uma dívida próxima de 400 milhões de dólares", segundo as autoridades.

Todos os processos de produção relacionados à fabricação notas serão interrompidos. "Por isso, todo o pessoal afetado exclusivamente por esta atividade terá a oportunidade de usufruir dos períodos de férias que tiver disponíveis”, informou o BC aos trabalhadores.

Dinheiro vindo da China

O fornecimento de notas de maior valor, de 10.000 e 20.000 pesos, implementado pela atual administração, foi confiado a fornecedores estrangeiros, sobretudo a China. Já no governo anterior, liderado pelo peronista Alberto Fernández, dada a procura de notas provocada por uma inflação que chegava perto dos 300% em termos anuais, o papel-moeda começou a ser importado de Brasil, Espanha, França, China e Malta.

Com o início do governo Milei, em dezembro passado, as novas autoridades inclinaram-se para a importação, discutindo questões de custos e prazos de produção. Assim, a estatal chinesa Banknote Printing and Minting Corporation manteve o maior fornecimento, com envio de novos lotes de notas e promessa de outros. A American Crane Currency também ganhou uma licitação, segundo o El País.

A Associação dos Trabalhadores do Estado questionou o governo Milei por levar a empresa a “um ponto sem volta”. Há um mês, o sindicato da Federação Gráfica de Buenos Aires também acusou o governo de promover o esvaziamento da Casa da Moeda e de excluí-la dos concursos convocados pelo BC para a impressão de notas.

A administração Milei informou que a Casa da Moeda continuará com a produção de passaportes, carimbos, matrículas e documentos de veículos.

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