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Peso argentino é moeda que mais se valorizou em 2024, diz FT

A valorização foi de 44,2% na comparação com uma cesta de moedas no acumulado do ano

Políticas de Milei levaram a um peso mais valorizado, que ajuda na inflação, mas pode prejudicar exportações (JUAN MABROMATA/AFP)

Políticas de Milei levaram a um peso mais valorizado, que ajuda na inflação, mas pode prejudicar exportações (JUAN MABROMATA/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 10h58.

O peso argentino se fortaleceu mais do que qualquer outra moeda no mundo em 2024, segundo o jornal Financial Times. O movimento ajuda a ampliar a popularidade do presidente Javier Milei mesmo com questionamentos sobre a sustentabilidade da ainda persistente inflação na Argentina e no severo corte em diversas áreas que afetaram a população, especialmente os mais pobres.

A valorização foi de 44,2% na comparação com uma cesta de moedas no acumulado de janeiro a novembro, ajustando-se à inflação anual de 112% do país. Isso supera em muito o ganho de 21,2% da lira turca, que ficou em segundo lugar, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais.

De acordo com o Financial Times, a valorização tem agradado os argentinos, que viram os salários médios quase dobrarem para US$ 990 entre dezembro de 2023 e outubro deste ano na cotação paralela - isso após sete anos de depreciação.

Esse bom momento da moeda, porém, tem um custo. O Banco Central da Argentina tem lutado para reconstruir reservas de moedas fortes que hoje estão praticamente vazias - isso porque a autoridade monetária gasta dólares para manter a força do peso.

Analistas ouvidos pelo FT alertam que a rápida depreciação do real no Brasil e uma possível onda de tarifas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, podem deixar a Argentina vulnerável a uma desvalorização repentina.

O "super peso", segundo a mídia local, se faz sentir na Argentina à medida que os preços em dólares disparam. Um Big Mac, por exemplo custa US$ 7,90 em comparação com US$ 3,80 (R$ 23,50) há um ano, na taxa de câmbio oficial.

Líderes empresariais temem que a dinâmica possa em breve começar a prejudicar a competitividade das exportações argentinas.

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