Nancy Pelosi: líder da Câmara de Representantes se reuniu com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, que defendeu a estabilidade do vínculo entre Washington e Pequim (Chip Somodevilla/Getty Images)
AFP
Publicado em 1 de agosto de 2022 às 09h56.
Última atualização em 2 de agosto de 2022 às 11h58.
A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, iniciou nesta segunda-feira (1º) uma viagem pela Ásia marcada pelo sigilo sobre seu itinerário, em um momento de tensão com a China a respeito da questão de Taiwan.
Em meio às expectativas sobre se Pelosi fará uma visita a Taiwan, a líder da Câmara de Representantes se reuniu com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, que defendeu a estabilidade do vínculo entre Washington e Pequim.
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"O primeiro-ministro Lee destacou a importância de uma relação estável EUA-China para a paz e a segurança regional", afirma um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores de Singapura.
A delegação liderada por Pelosi visitará Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão, mas as expectativas sobre uma possível escala em Taiwan concentram as atenções da viagem.
Os canais de televisão CNN (Estados Unidos) e TVBS (Taiwan) afirmaram nesta segunda-feira, sem revelar suas fontes, que Pelosi incluiu Taiwan na agenda de viagem.
Os relatos sobre um plano para uma visita a Taiwan irritaram a China e provocaram desconforto inclusive na Casa Branca, no momento em que o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, tenta reduzir a tensão com Pequim.
O ministério chinês das Relações Exteriores advertiu nesta segunda-feira que uma visita de Pelosi a Taiwan "ameaçaria seriamente a paz e a estabilidade" do estreito de Taiwan.
"Se a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, visitar Taiwan, a China adotará contramedidas firmes e decididas para defender sua soberania e integridade territorial", disse o porta-voz do ministério, Zhao Lijian, sem detalhar os planos.
A China considera Taiwan uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante do seu território desde o fim da guerra civil chinesa. Pequim cita reiteradamente a possibilidade de recuperá-la, inclusive pela força se considerar necessário.
O governo chinês se opõe a qualquer iniciativa que conceda legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e a qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países.
O gabinete de Pelosi só confirmou a viagem ao continente asiático depois que a líder democrata já havia decolado, após dias de especulações e recusas a confirmar o itinerário.
"A viagem se concentrará na segurança mútua, associação econômica e na governança democrática na região do Indo-Pacífico", afirmou o gabinete em um comunicado.
"Nossa delegação terá reuniões de alto nível para discutir como podemos seguir avançando em nossos interesses e valores compartilhados, incluindo a paz e a segurança, o crescimento econômico e o comércio, a pandemia de covid-19, a crise climática, os direitos humanos e a governança democrática", destacou Pelosi no texto.
O comunicado não faz nenhuma referência a Taiwan, mas os políticos e funcionários de alto escalão do governo americano mantêm as viagens a esta ilha em segredo até o momento do pouso.
Esta ilha de 23 milhões de habitantes convive com o temor de uma invasão, mas a ameaça se tornou mais intensa sob a presidência de Xi Jinping.
O governo dos Estados Unidos mantém uma "ambiguidade estratégica" sobre se as tropas do país atuariam em um conflito.
No plano diplomático, Washington reconhece Pequim e não Taipé, mas respalda o governo democrático de Taiwan e se opõe a uma mudança à força no status da ilha.
Os políticos americanos visitam Taiwan de maneira discreta, mas uma viagem de Pelosi representaria um marco desde a última visita de um presidente da Câmara de Representantes em 1997.
A importância da visita está no fato de que, por seu cargo, Pelosi é o terceiro posto de representação mais importante dos Estados Unidos, depois dos cargos de presidente e vice-presidente.
Na China, o jornal The Global Times, um tabloide estatal, mencionou a possibilidade de Pelosi utilizar a desculpa de um pouso de emergência para seu avião aterrissar em Taiwan.
"Se ela ousar parar em Taiwan, seria o momento de acender o barril de pólvora que é a situação do Estreito de Taiwan", disse Hu Xijin, ex-editor do Global Times e atualmente analista político.
O governo de Taiwan mantém um silêncio estratégico e a possibilidade de uma visita de Pelosi teve cobertura mínima na imprensa local.
Na quinta-feira, os presidentes da China e dos Estados Unidas tiveram uma conversa telefônica tensa, durante a qual Xi Jinping disse a Joe Biden que o governo americano não deveria "brincar com o fogo" no que diz respeito a Taiwan.
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