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Pela recontagem de votos, campanha arrecada mais de US$ 2,5 mi

Após especialistas levantarem dúvidas sobre resultado eleitoral, iniciativa quer a recontagem em três estados-chave: Wisconsin, Michigan e a Pensilvânia

Eleições nos Estados Unidos: em alguns estados, Hillary perdeu por margens pequenas para Donald Trump (Ron Jenkins/Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 11h52.

São Paulo – Uma campanha lançada na última terça-feira e liderada pela chapa de Jill Stein, candidata à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Verde, já arrecadou mais de 2,5 milhões de dólares para solicitar a recontagem dos votos em três estados-chave: Wisconsin, Michigan e a Pensilvânia.

A iniciativa foi divulgada após reportagem da revista The New York Magazine sobre um grupo de especialistas em ciência da computação e direito eleitoral que alega que o resultado do pleito nestes três estados pode ter sido manipulado. Agora, insistem que a candidata democrata Hillary Clinton peça a recontagem dos votos. ( Entenda o caso )

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“Depois de uma corrida eleitoral polarizada e dolorida, invasões em bancos de dados eleitorais e dos partidos, além de contas de e-mails, fizeram muitos americanos questionarem se o resultado das eleições é confiável”, disse a candidata, “essas preocupações precisam ser investigadas antes que a eleição presidencial de 2016 seja certificada ”, escreveu Jill.

O prazo para requerimentos desta sorte é apertado. No Wisconsin, explicou a campanha do Partido Verde, é até esta sexta-feira (25), enquanto na Pensilvânia é na próxima segunda (28) e no Michigan na quarta (30). Para registrar os pedidos, no entanto, cada estado cobra os valores de 1,1 milhão, 500 mil, e 600 mil de dólares, respectivamente.

Até o momento, 2,681 milhões de dólares foram arrecadados, mas a iniciativa diz serem necessários entre 6 e 7 milhões de dólares para cobrir todos os custos associados aos requerimentos, como a contratação de advogados. A campanha lembra, contudo, que o mero pedido não garante que a recontagem acontecerá.

“Nosso esforço não tem o objetivo de ajudar Hillary Clinton”, enfatiza a campanha, “essa recontagem é parte do movimento pela integridade das eleições que trazer à tona quão duvidoso é o sistema eleitoral americano”.

Fraude?

Por enquanto, a campanha de Hillary não se manifestou publicamente sobre o assunto, mas, segundo apurado pela The New York Magazine, está em contato com esse grupo de especialistas.

Uma das evidências trazidas à tona pela reportagem e que tornaria os resultados duvidosos é a de que Hillary obteve um desempenho pior em condados nos quais o voto se deu por meio eletrônico que naqueles onde foram usados sistemas ópticos ou cédulas de papel.

Para a equipe do consagrado estatístico Nate Silver, do blog FiftyThirdyEight, a reclamação do grupo não procede. Em post ontem, seus analistas disseram ter olhado para este ponto específico e, estatisticamente, ele não procede.

Alertam que não tiveram acesso aos dados usados pelos cientistas, no entanto, nesta análise, não encontraram evidências de que o método de votação tenha afetado o resultado final.

Repercussão

Mas, segundo J. Alex Halderman, um dos cientistas envolvidos, não foi só isso que o grupo usou de argumento para estimular pedidos de recontagem. Na noite de ontem, após o caso ter ganhado repercussão internacional, ele publicou um post na plataforma Medium no qual explicou, em linhas gerais, o conteúdo da tese.

E ela está centrada na vulnerabilidade dos métodos eletrônicos de votação. Vulnerabilidade à ataques e erros de sistema.

Lembrando da série de ciberataques às vésperas das eleições (invasão da conta de e-mail do chefe da campanha de Hillary, John Podesta, e de bancos de dados em Illinois e Arizona), Halderman disse que há evidências de que hackers tentaram entrar nos sistemas de outros estados.

“Mas os desvios nas pesquisas pré-eleitorais foram resultado desses ataques? Provavelmente não”, continuou. De acordo com ele, a explicação mais razoável, neste ponto, é a de que as pesquisas simplesmente estavam erradas.

“O único jeito de saber se um ciberataque mudou o resultado é pela análise da evidência física disponível: cédulas de papel e urnas em estados críticos como Wisconsin, Michigan e Pensilvânia”, pontuou.

E é essa a justificativa do grupo para que os candidatos envolvidos peçam pela recontagem dos votos.

Nestes locais, Hillary perdeu por margens muito pequenas no voto popular. Contudo, por conta do sistema de Colégio Eleitoral, no qual cada estado tem um número específico de delegados competentes para eleger o presidente, essas margens concederam a Trump a quantidade necessária de delegados para se consagrar vitorioso. ( Entenda como funcionam as eleições nos EUA )

Como os sistemas de votação americanos criam registros físicos do voto, continuou o Halderman, é possível que seres humanos possam examinar o resultado das urnas eletrônicas.

“Se ninguém olhar para o papel, ele pode simplesmente não estar lá. E um invasor inteligente saberia explorar isso”, alertou o especialista que considera as cédulas de papel a melhor tecnologia para eleições.

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