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Papa Francisco embarca para o Iraque em sua primeira visita desde início da pandemia

Primeira viagem do Papa desde o início da pandemia começa nesta sexta; estão programadas missas em homenagem às vítimas de atentados e guerras

Voluntários na visita do Papa em Mossul em frente à igreja destruída na guerra contra o terrorismo (Zaid AL-OBEIDI/Getty Images)

Voluntários na visita do Papa em Mossul em frente à igreja destruída na guerra contra o terrorismo (Zaid AL-OBEIDI/Getty Images)

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Carla Aranha

Publicado em 4 de março de 2021 às 06h00.

Última atualização em 5 de março de 2021 às 09h36.

Centenas de voluntários, representantes do governo e de centros religiosos se organizaram nas últimas semanas no Iraque para uma ocasião muito especial. Pela primeira, o país vai receber um pontífice. O Papa Francisco embarca para o Iraque nesta sexta-feira, dia 5, para uma viagem por Bagdá, a cidade sagrada de Najaf e Mossul, ao norte, que foi dominada pelo Estado Islâmico entre 2014 e 2017. Será a primeira viagem do Papa desde o início da pandemia.

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Aos 84 anos, o Papa viajará com uma delegação do Vaticano – toda a entourage já foi vacinada contra o coronavírus. “Vou como peregrino, como peregrino penitente para implorar do Senhor perdão e reconciliação depois destes anos de guerra e terrorismo, para pedir a Deus a consolação dos corações e a cura das feridas. E chego ao vosso meio como peregrino de paz”, disse o Papa em mensagem de vídeo (veja abaixo).

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No Iraque, onde comunidades cristãs floresceram a partir dos séculos 3 e 4, o clima é ao mesmo tempo de esperança e temor. Desde 2003, com a chegada da rede terrorista Al Qaeda ao país, o número de cristãos diminuiu em 83%, passando de 1,5 milhão de pessoas para cerca de 200 mil. Durante a invasão do Estado Islâmico, o cenário piorou ainda mais – várias famílias precisaram se deslocar para áreas mais protegidas, próximas ao Curdistão Iraquiano, região semiautônoma que é de sede de organismos da ONU e consulados.

“Estamos muito felizes com a visita do Papa, mas também preocupados por que será um desafio em termos de segurança”, diz Ali Ibrahim, morador de Mossul.

Grupos armados vêm praticando atos de terrorismo por todo o país, que já foi um dos países mais desenvolvidos do Oriente Médio -- o Iraque é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e possui um elogiado sistema de ensino.

Nesta quarta, dia 3, um ataque a uma base militar ocupada por tropas americanas e iraquianas, que lutaram juntas contra o Estado Islâmico, matou um civil americano que prestava serviços no local. No dia 15 de fevereiro, bombas lançadas por grupos terroristas atingiram um centro militar em Erbil, no Curdistão Iraquiano, matando uma pessoa. No mesmo mês, milícias lançaram foguetes na área ocupada por embaixadas em Bagdá, sem causar vítimas. “Acredito que o governo esteja tomando todas as providências para acolher os representantes do Vaticano da melhor forma possível”, diz Ibrahim.

As homenagens e festividades para receber o Papa seguem a todo o vapor. Em Mossul, árvores foram plantadas para enfeitar as ruas. Em Erbil, 200 voluntários estão pintando bandeiras com o símbolo do Vaticano e ajudando na preparação da missa. Na capital, o Papa deverá ser recebido por autoridades e embaixadores de diversos países.

O pontífice também tem um encontro programado com o Grande Aiatolá Ayyid Ali Al-Husayni Al-Sistani na cidade de Najaf, considerada sagrada pelos muçulmanos. De lá, o Papa deve seguir para Ur, local de nascimento de Abraão, patriarca do judaísmo, cristanismo e islamismo, segundo a Bíblia. A viagem inclui ainda uma missa em uma igreja de Mossul em que será celebrada uma oração de sufrágio pelas vítimas do Estado Islâmico. O Papa volta para Roma na segunda, dia 8.

 

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