Países do Atlântico Sul questionam militarização do oceano
"Há uma preocupação com a militarização indevida do oceano", afirmou aos jornalistas o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 19h45.
Montevidéu - Representantes de 21 países da América do Sul e da África Ocidental da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) debatem, em Montevidéu, a consolidação do oceano como zona livre de armas de destruição em massa e sua "indevida militarização", no momento em que cresce a tensão entre o Reino Unido e a Argentina pelas Ilhas Malvinas .
"Há uma preocupação com a militarização indevida do oceano", afirmou aos jornalistas o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, ao relembrar que existem questões de descolonização que ainda não chegaram a uma solução definitiva.
"Temos que consolidar a imagem de uma zona livre de armas de destruição em massa", explicou Patriota durante um intervalo no encontro ministerial realizado até esta terça-feira e que, pela primeira vez, teve como convidados ministros da Defesa de vários países do organismo.
O compromisso com a paz dos países da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul "implica a responsabilidade de seus membros em evitar toda a presença, trânsito, armazenamento de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa no Atlântico Sul", enfatizou o chanceler uruguaio Luis Almagro, anfitrião do encontro.
Almagro questionou "as armadilhas armamentistas e a tentação militarista" na zona, além de enfatizar que através da defesa da paz, o organismo busca claramente diferenciar-se da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O vice-ministro de Relações Exteriores da Argentina, Eduardo Zuain, destacou a preocupação de seu país com o aumento da presença militar britânica nas ilhas Malvinas. O arquipélago é reivindicado por Buenos Aires, mas Londres mantém seu controle desde 1833.
Esse tema será especificamente incluído na declaração que será adotada pelos ministros nesta quarta-feira, adiantou Patriota.
A declaração final apoiará a posição das Nações Unidas de que "deve haver uma resolução pacífica" do problema, indicou o chanceler angolano, Georges Chikotti, quem entregou a presidência do organismo para o Uruguai.
"Naturalmente, acreditamos que um referendo não pode resolver a questão, pois acredito que a Argentina tem uma reivindicação legítima sobre as Malvinas", sustentou Ckikotti em conversa com os jornalistas.
Outro assunto que preocupa os ministros é a modernização das Forças Armadas e o estreitamento da cooperação entre seus países em matéria de segurança, luta contra o narcotráfico, pirataria e o crime transnacional.
"Isto é importante inclusive devido à grande riqueza mineral energética que existe e que continuamos a descobrir no Atlântico Sul", argumentou Patriota.
A descoberta no Brasil de reservas de petróleo em águas profundas, no chamado pré-sal, por estarem localizadas abaixo da espessa camada de sal a cerca seis quilômetros no subsolo marinho, dá margem para que se imagine que do outro lado do Atlântico existam riquezas semelhantes, acrescentou o ministro brasileiro.
"É também uma responsabilidade, temos que assumir plenamente a segurança, a proteção de nossos países em um espírito de cooperação mas também de proteção de nossa soberania", advertiu.
Outros temas do encontro apontam para o fomento do comércio, para a conectividade entre as regiões e a cooperação na área ambiental.
A VII Reunião Ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, organismo fundado em 1986 por meio da resolução da Assembleia Geral da ONU, reúne em Montevidéu delegações de 21 dos 24 membros, dos quais três são sul-americanos e o restantes, africanos.
Criada como uma iniciativa para promover a paz e a segurança na área e como parte de um processo de revalorização da cooperação Sul-Sul, o organismo reuniu seus chanceleres apenas seis vezes sendo a última vez em Angola, no ano de 2007.
Os ministros pretendem reforçar a "afirmação das ZOPACAS no cenário internacional e, sobretudo, no âmbito da ONU", disse Patriota.
"Nos comprometemos aqui a não esperar seis anos mais para nos reunir em nível ministerial, como aconteceu da última vez", acrescentou.
Patriota defendeu ainda que as reuniões ministeriais sejam anuais, além da criação de um grupo de trabalho reduzido.
Participam do encontro os países sul-americanos Argentina, Brasil e Uruguai e os da costa oeste do continente africano, Angola, Benin, Cabo Verde, Camarões, Congo, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Equatorial, Libéria, Namíbia, Nigéria, República Democrática do Congo, Senegal, África do Sul e Togo.
Os outros países que integram o fórum mas que não participaram deste encontro são Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa.
Montevidéu - Representantes de 21 países da América do Sul e da África Ocidental da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) debatem, em Montevidéu, a consolidação do oceano como zona livre de armas de destruição em massa e sua "indevida militarização", no momento em que cresce a tensão entre o Reino Unido e a Argentina pelas Ilhas Malvinas .
"Há uma preocupação com a militarização indevida do oceano", afirmou aos jornalistas o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, ao relembrar que existem questões de descolonização que ainda não chegaram a uma solução definitiva.
"Temos que consolidar a imagem de uma zona livre de armas de destruição em massa", explicou Patriota durante um intervalo no encontro ministerial realizado até esta terça-feira e que, pela primeira vez, teve como convidados ministros da Defesa de vários países do organismo.
O compromisso com a paz dos países da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul "implica a responsabilidade de seus membros em evitar toda a presença, trânsito, armazenamento de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa no Atlântico Sul", enfatizou o chanceler uruguaio Luis Almagro, anfitrião do encontro.
Almagro questionou "as armadilhas armamentistas e a tentação militarista" na zona, além de enfatizar que através da defesa da paz, o organismo busca claramente diferenciar-se da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O vice-ministro de Relações Exteriores da Argentina, Eduardo Zuain, destacou a preocupação de seu país com o aumento da presença militar britânica nas ilhas Malvinas. O arquipélago é reivindicado por Buenos Aires, mas Londres mantém seu controle desde 1833.
Esse tema será especificamente incluído na declaração que será adotada pelos ministros nesta quarta-feira, adiantou Patriota.
A declaração final apoiará a posição das Nações Unidas de que "deve haver uma resolução pacífica" do problema, indicou o chanceler angolano, Georges Chikotti, quem entregou a presidência do organismo para o Uruguai.
"Naturalmente, acreditamos que um referendo não pode resolver a questão, pois acredito que a Argentina tem uma reivindicação legítima sobre as Malvinas", sustentou Ckikotti em conversa com os jornalistas.
Outro assunto que preocupa os ministros é a modernização das Forças Armadas e o estreitamento da cooperação entre seus países em matéria de segurança, luta contra o narcotráfico, pirataria e o crime transnacional.
"Isto é importante inclusive devido à grande riqueza mineral energética que existe e que continuamos a descobrir no Atlântico Sul", argumentou Patriota.
A descoberta no Brasil de reservas de petróleo em águas profundas, no chamado pré-sal, por estarem localizadas abaixo da espessa camada de sal a cerca seis quilômetros no subsolo marinho, dá margem para que se imagine que do outro lado do Atlântico existam riquezas semelhantes, acrescentou o ministro brasileiro.
"É também uma responsabilidade, temos que assumir plenamente a segurança, a proteção de nossos países em um espírito de cooperação mas também de proteção de nossa soberania", advertiu.
Outros temas do encontro apontam para o fomento do comércio, para a conectividade entre as regiões e a cooperação na área ambiental.
A VII Reunião Ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, organismo fundado em 1986 por meio da resolução da Assembleia Geral da ONU, reúne em Montevidéu delegações de 21 dos 24 membros, dos quais três são sul-americanos e o restantes, africanos.
Criada como uma iniciativa para promover a paz e a segurança na área e como parte de um processo de revalorização da cooperação Sul-Sul, o organismo reuniu seus chanceleres apenas seis vezes sendo a última vez em Angola, no ano de 2007.
Os ministros pretendem reforçar a "afirmação das ZOPACAS no cenário internacional e, sobretudo, no âmbito da ONU", disse Patriota.
"Nos comprometemos aqui a não esperar seis anos mais para nos reunir em nível ministerial, como aconteceu da última vez", acrescentou.
Patriota defendeu ainda que as reuniões ministeriais sejam anuais, além da criação de um grupo de trabalho reduzido.
Participam do encontro os países sul-americanos Argentina, Brasil e Uruguai e os da costa oeste do continente africano, Angola, Benin, Cabo Verde, Camarões, Congo, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Equatorial, Libéria, Namíbia, Nigéria, República Democrática do Congo, Senegal, África do Sul e Togo.
Os outros países que integram o fórum mas que não participaram deste encontro são Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa.