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Painel corrosivo sobre China atual disputa Palma de Ouro

"A Touch of Sin", do diretor Jia Zhangke, conta diversas histórias que refletem uma sociedade em plena mutação

Equipe do filme posa em Cannes: "muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres", disse o diretor (Valery Hache/AFP)
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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2013 às 11h34.

Cannes - Um painel corrosivo sobre a China contemporânea, "A Touch of Sin", do diretor Jia Zhangke, disputa a Palma de Ouro em Cannes, sem ter sido censurado pelas autoridades chinesas, que vigiam com rigor as obras do país.

O longa-metragem chinês, muito ambicioso, foi exibido para a imprensa na quinta-feira e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo, que refletem uma sociedade em plena mutação, na qual o capitalismo desenfreado gera uma grande desigualdade e uma colossal falta de humanidade.

O protagonista de uma das histórias, ambientadas em quatro províncias do gigante asiático, é Dahai, operário de Shanxi, que se rebela contra a corrupção dos dirigentes locais e recebe um castigo digno dos filmes de Quentin Tarantino.

A personagem de outro relato é uma recepcionista em uma sauna de Hubei, no centro da China, que vira uma lutadora quando um cliente tenta abusar dela.

O episódio, como o título do filme, faz referência a "A Touch of Zen" do taiwanês King Hu, um clássico das artes marciais de 1969.

O protagonista do último segmento, talvez o mais triste, é um jovem de Dongguan (sudeste), que, pressionado pelo trabalho, pela família e pela falta de esperanças, se joga pela janela de um prédio.

Em entrevista à AFP, o diretor explicou que todas as histórias são baseadas em eventos reais, conhecidos por quase todos na China.

"Muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres", disse o diretor de 43 anos.

"Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência", disse Jia Zhangke.


Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku - o Youtube chinês -, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que "A touch of sin" poderá ser assistido nos cinemas chineses.

"Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia", afirmou o cineasta.

"Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter", afirmou.

O filme, parcialmente produzido por recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa.

Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

"O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa", concluiu.

Na mostra paralela Semana da Crítica o destaque desta sexta-feira foi o filme italiano "Salvo", de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza.

O longa-metragem conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.

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Cannes - Um painel corrosivo sobre a China contemporânea, "A Touch of Sin", do diretor Jia Zhangke, disputa a Palma de Ouro em Cannes, sem ter sido censurado pelas autoridades chinesas, que vigiam com rigor as obras do país.

O longa-metragem chinês, muito ambicioso, foi exibido para a imprensa na quinta-feira e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo, que refletem uma sociedade em plena mutação, na qual o capitalismo desenfreado gera uma grande desigualdade e uma colossal falta de humanidade.

O protagonista de uma das histórias, ambientadas em quatro províncias do gigante asiático, é Dahai, operário de Shanxi, que se rebela contra a corrupção dos dirigentes locais e recebe um castigo digno dos filmes de Quentin Tarantino.

A personagem de outro relato é uma recepcionista em uma sauna de Hubei, no centro da China, que vira uma lutadora quando um cliente tenta abusar dela.

O episódio, como o título do filme, faz referência a "A Touch of Zen" do taiwanês King Hu, um clássico das artes marciais de 1969.

O protagonista do último segmento, talvez o mais triste, é um jovem de Dongguan (sudeste), que, pressionado pelo trabalho, pela família e pela falta de esperanças, se joga pela janela de um prédio.

Em entrevista à AFP, o diretor explicou que todas as histórias são baseadas em eventos reais, conhecidos por quase todos na China.

"Muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres", disse o diretor de 43 anos.

"Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência", disse Jia Zhangke.


Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku - o Youtube chinês -, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que "A touch of sin" poderá ser assistido nos cinemas chineses.

"Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia", afirmou o cineasta.

"Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter", afirmou.

O filme, parcialmente produzido por recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa.

Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

"O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa", concluiu.

Na mostra paralela Semana da Crítica o destaque desta sexta-feira foi o filme italiano "Salvo", de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza.

O longa-metragem conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.

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