Mundo

OSCE vê violação de urnas na eleição vencida pelo partido de Putin

O Partido comunista, segundo na eleição com pouco menos de 20% dos votos, afirmou que vai apresentar "uma queixa formal à Suprema Corte da Rússia"

Putin afirma que o projeto é um "progresso histórico" para todos os Estados posteriores à URSS
 (Alexey Druzhinin/AFP)

Putin afirma que o projeto é um "progresso histórico" para todos os Estados posteriores à URSS (Alexey Druzhinin/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2011 às 16h05.

Moscou - Os observadores da OSCE afirmaram nesta segunda-feira que constataram "violações", entre elas "fraudes nas urnas", durante as eleições legislativas na Rússia, que deram a maioria absoluta da Câmara Baixa do Parlamento ao partido de Vladimir Putin.

"A votação foi bem organizada, mas a qualidade do processo foi consideravelmente deteriorada durante o processo de contagem dos votos, caracterizado por violações frequentes do procedimento, com sérias indicações de manipulação das urnas", revelou a missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Como em 2007, ela também constatou que "a concorrência política (foi) limitada e desigual" durante a campanha e ressaltou "a falta de independência" das autoridades eleitorais, da imprensa e a enorme proximidade do Estado e da Rússia Unida.

A França pediu nesta segunda-feira que "tudo seja esclarecido" sobre as violações. O governo alemão se disse muito preocupado após a publicação das conclusões da OSCE.

O Partido comunista, segundo na eleição com pouco menos de 20% dos votos, afirmou que vai apresentar "uma queixa formal à Suprema Corte da Rússia" e para vários outros tribunais regionais, após ter constatado violações em 1.600 colégios eleitorais.

O presidente russo, Dmitri Medvedev, rejeitou as críticas, julgando que a votação foi democrática.

"As eleições foram honestas, igualitárias e democráticas", declarou, segundo a agência de notícias Interfax.


A Rússia Unida obteve seu pior resultado (29 %) na região de Iaroslavl (300 km ao norte de Moscou). Contudo, bateu seu recorde de popularidade na Chechênia, república instável do Cáucaso russo, com 99,48%.

Em escala nacional, o partido no poder levou 49,54% dos votos, um nível ainda muito elevado, mas que representa uma queda de 15 pontos em relação a eleição de 2007 (64,3%).

No entanto, em virtude do complexo sistema de distribuição das cadeiras ligado ao sistema de votação, 238 mandatos dos 450 vão para o Rússia Unida, ou seja, 12 assentos a mais do que a maioria absoluta.

O partido não precisará, portando, de nenhum apoio para formar o governo, mesmo que perca 77 deputados e sua maioria de dois terços.

O Partido Comunista terá 92 deputados; o Rússia Justa (centro-esquerda), 64; e o Partido Liberal Democrático (nacionalista) 56 assentos.

A imprensa russa ressaltou nesta segunda-feira que o resultado reflete pouco a importância do movimento de Vladimir Putin, argumentando que o aparelho administrativo foi colocado a serviço do regime, que organizou fraudes em seu favor e pressionou ONGs e mídias independentes.

"Se a sociedade precisar da confirmação de que as eleições foram 'fraudadas', a confirmação é esta: o nervosismo e a reação histérica das autoridades frente às tentativas legais e pacíficas de monitorar a votação", indicou o jornal Vedomosti.

O jornal cita os ataques na internet que paralisaram o site da ONG Golos, especializado no monitoramento de eleições e que também está na mira da justiça, e da mídia independente, como o jornal Kommersant e a rádio Eco de Moscou.

Vários sites, entre eles o kommersant.ru, o golos.ru e o slon.ru, continuavam sem funcionar na tarde de hoje.

"Muitas pessoas se recusam a reconhecer os resultados das eleições", observou o Vedomosti.

Para o analista Alexander Goltz, do site ej.ru, os eleitores russos foram "violados" com esta "imitação de expressão da vontade popular."

Segundo ele, Vladimir Putin, candidato presidencial na eleição de março de 2012, provou mais uma vez que é ele quem decide tudo.

"O objetivo era convencer o país que hoje, amanhã e depois de amanhã, Putin sempre fará o que quiser", disse Goltz.

O atual primeiro-ministro e homem forte do país afirmou na noite de domingo que o resultado da legislativa vai permitir "o desenvolvimento estável do país."

Existe pouca dúvida sobre o retorno de Putin ao Kremlin em março para um terceiro mandato, já que os dois primeiros foram de 2000 a 2008. Ele foi então substituído por Dmitry Medvedev, que não manterá dois mandatos consecutivos.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEleiçõesEuropaRússia

Mais de Mundo

Novas autoridades sírias anunciam acordo para dissolução dos grupos armados

Porto de Xangai atinge marca histórica de 50 milhões de TEUs movimentados em 2024

American Airlines retoma voos nos EUA após paralisação nacional causada por problema técnico

Papa celebra o Natal e inicia o Jubileu 2025, 'Ano Santo' em Roma