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Organizações criticam defesa da Comissão da Verdade

A de criação do grupo governamental que ficará encarregado de fazer a narrativa oficial das violações aos direitos humanos não satisfaz familiares das vítimas

Os representantes de grupos de direitos humanos e de ex-presos políticos começaram hoje um périplo pelos gabinetes de parlamentares para distribuir um manifesto contra o projeto (Mario Roberto Durán Ortiz/Wikimedia Commons)

Os representantes de grupos de direitos humanos e de ex-presos políticos começaram hoje um périplo pelos gabinetes de parlamentares para distribuir um manifesto contra o projeto (Mario Roberto Durán Ortiz/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 20h29.

Brasília - Representantes de organizações de direitos humanos e de familiares de mortos e desaparecidos políticos criticaram hoje o governo Dilma Rousseff por defender a aprovação do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade. Para eles, a proposta do Palácio do Planalto de criação do grupo governamental que ficará encarregado de fazer a narrativa oficial das violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 é "uma farsa e um engodo".

"Eu esperava mais do governo Dilma. O governo não se dispõe a fazer o mínimo de enfrentamento. Quem poderia reverter a votação desse projeto é a presidente Dilma", afirmou Pedro Pomar. "Mas ela quer levar a aprovação desse projeto como uma espécie de trunfo para participar da Assembleia da Organização das Nações Unidas", completou o historiador. A presidente Dilma está nos Estados Unidos onde abrirá na quarta-feira a Assembleia Geral da ONU.

Uma das queixas dos ex-presos, perseguidos políticos durante a ditadura e de familiares é em relação à composição da Comissão da Verdade. Em sua avaliação, a comissão é de "mentirinha", pois não conseguirá investigar nada. Eles também criticaram a proposta de que as apurações recaiam entre 1946 e 1988. Eles defendem que o período seja reduzido para 1964 a 1985.

"Queremos uma comissão de verdade, que faça justiça. Não uma comissão de mentirinha", disse Criméia Alice Schimdt de Almeida. "Queremos apurar os crimes do Estado brasileiro, os crimes dos torturadores durante a ditadura militar", argumentou Suzana Lisbôa, da comissão de desaparecidos políticos. "Esse projeto é um escárnio para os familiares dos mortos e desaparecidos", afirmou Pedro Pomar.

Os representantes de grupos de direitos humanos e de ex-presos políticos começaram hoje um périplo pelos gabinetes de parlamentares para distribuir um manifesto contra o projeto. No documento, que conta com seis mil assinaturas, eles reivindicam a retirada do projeto da pauta de votação da Câmara "para que possa sofrer emendas e, desse modo, surja uma Comissão da Verdade digna desse nome".

A previsão é que a Comissão da Verdade seja votada terça-feira, no plenário da Câmara. A maioria dos partidos políticos concordou em votar a proposta em regime de urgência. Depois de se reunir na semana passada com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, membros da cúpula do DEM avisaram que vão votar a favor do projeto, mas pretendem apresentar emenda propondo critérios para a escolha dos sete integrantes da Comissão da Verdade.

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