Brexit: oposição teme que o Reino Unido seja prejudicado ao deixar a UE sem acordo (Peter Nicholls/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de agosto de 2019 às 16h07.
O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, se reuniu nesta terça-feira com os outros opositores ao governo de Boris Johnson em uma tentativa de superar suas diferenças e chegar a uma estratégia comum para evitar um Brexit sem acordo em 31 de outubro.
Assegurando que seu partido fará "tudo o que for necessário" para impedir que o Reino Unido saia da UE de forma brutal, Corbyn se encontrou com representantes do centrista Partido Liberal-Democrata, do nacionalista escocês SNP, do galês Plaid Cymru, dos Verdes e do Grupo Independente.
No entanto, a reunião resultou somente em uma declaração vaga e no anúncio de "mais encontros".
"Os participantes concordaram na urgência de agir juntos para encontrar formas práticas de prevenir um Brexit sem acordo, incluindo a possibilidade de aprovar legislação e o voto de censura", afirmaram em um breve comunicado conjunto.
Corbyn planeja apresentar uma moção de censura contra Johnson quando os deputados voltarem ao trabalho na próxima semana e liderar um governo temporário, antes de convocar eleições legislativas.
Outros opositores, contudo, preferem apresentar um projeto de lei que obrigue o executivo a pedir um novo adiamento da data de saída, inicialmente prevista para 29 de março.
É a posição da líder liberal-democrata Jo Swinson, que disse à rádio BBC que está aberta a contemplar outras estratégias.
"Devemos falar de todas as opções, incluindo o que fazer se não houver êxito, porque não temos muito tempo", ressaltou.
Os partidos de oposição denunciaram que "Boris Johnson tem-se mostrado aberto a utilizar meios antidemocráticos para forçar um Brexit sem acordo".
No Reino Unido é o governo que define a agenda parlamentar e Johnson não descartou a possibilidade de suspender a sessão legislativa para evitar que os deputados impeçam a possibilidade de um Brexit brutal.
A advertência mais dura chegou ao primeiro-ministro de um partido sem representação no Parlamento de Westminster, o recentemente criado Partido do Brexit, do eurofóbico Nigel Farage, que perguntou: "Podemos confiar em Boris Johnson?".
"O melhor acordo é um Brexit sem acordo", afirmou Farage ao apresentar os candidatos de seu partido a uma eventual legislativa antecipada.
Os britânicos decidiram por 52% dos votos pôr fim a 40 anos de pertencimento ao bloco europeu, em um referendo realizado em junho de 2016. Entretanto, o Brexit foi adiado duas vezes diante da negativa do parlamento ao Tratado de Retirada negociado pela ex-primeira-ministra Theresa May com Bruxelas.