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Oceanos podem sofrer mais com aquecimento

Luis Valdés, da Unesco, destaca que a dimensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre os oceanos é frequentemente negligenciada e precisa ser melhor compreendida

“Em termos de biologia, se a produção primária dos oceanos diminuir, a pesca também vai cair", afirmou Valdés (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 09h59.

Rio de Janairo - Embora a comunidade científica internacional tenha chegado ao consenso de que o aumento de até 2º C na temperatura média do planeta é aceitável para os ecossistemas terrestres, esse aquecimento pode ser mais nocivo do que se imagina para os oceanos e para a vida marinha.

“Nesse cenário, o número de dias com picos de temperatura acima dos 28ºC a 30ºC aumentaria significativamente nas águas costeiras e em mares fechados, como o Mediterrâneo. Deveríamos avaliar melhor os efeitos da temperatura mais alta sobre a vida marinha, especialmente sobre a estabilidade de algumas proteínas”, disse Luis Valdés, chefe do setor de Ciência Oceânica da Comissão Intergovernamental de Oceanografia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Segundo Valdés, que está no Rio de Janeiro para a Rio+20, há uma escassez de peixes no mundo todo e é cada vez mais difícil se achar peixes grandes, o que afeta de forma grave economias que dependem da pesca.

“A elevação dos níveis do mar causada pelo degelo é um dos grandes problemas. Ainda não sabemos a velocidade em que o degelo está ocorrendo na Groenlândia. Como isso vai afetar as mudanças de temperatura nas correntes marinhas é uma informação-chave. Se as correntes mudam, tudo muda”, disse.


“Em termos de biologia, se a produção primária dos oceanos diminuir, a pesca também vai cair. A mudança nas rotas migratórias dos peixes-espadas repercutirá diretamente nas economias dos países e em muitos postos de trabalho em terra. A pesca é um exemplo claro de como um setor produtivo repercute em uma grande economia”, disse Valdés.

Segundo Valdés, a dimensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre os oceanos é frequentemente negligenciada e a informação recebida pela comunidade científica e pelo público geral é parcial.

“Temos dados do hemisfério Norte sobre o impacto das mudanças globais nos oceanos, mas não do hemisfério Sul. Desse modo, não temos como saber quais são os efeitos e os danos, como os ecossistemas estão respondendo ou como as espécies estão se adaptando”, ponderou.

Valdés afirma que as medidas que podem ser tomadas no sentido de mitigar os efeitos do aquecimento global sobre os oceanos estão diretamente relacionadas ao poder econômico dos países.

“As medidas tomadas em termos de adaptação em países como Holanda e Inglaterra são no sentido de se proteger contra o aumento no nível do mar. Isso significa uma importante transformação na engenharia costeira, o que é mais difícil de se fazer em economias menos desenvolvidas, como, por exemplo, em pequenas ilhas do Pacífico”, disse.

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Rio de Janairo - Embora a comunidade científica internacional tenha chegado ao consenso de que o aumento de até 2º C na temperatura média do planeta é aceitável para os ecossistemas terrestres, esse aquecimento pode ser mais nocivo do que se imagina para os oceanos e para a vida marinha.

“Nesse cenário, o número de dias com picos de temperatura acima dos 28ºC a 30ºC aumentaria significativamente nas águas costeiras e em mares fechados, como o Mediterrâneo. Deveríamos avaliar melhor os efeitos da temperatura mais alta sobre a vida marinha, especialmente sobre a estabilidade de algumas proteínas”, disse Luis Valdés, chefe do setor de Ciência Oceânica da Comissão Intergovernamental de Oceanografia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Segundo Valdés, que está no Rio de Janeiro para a Rio+20, há uma escassez de peixes no mundo todo e é cada vez mais difícil se achar peixes grandes, o que afeta de forma grave economias que dependem da pesca.

“A elevação dos níveis do mar causada pelo degelo é um dos grandes problemas. Ainda não sabemos a velocidade em que o degelo está ocorrendo na Groenlândia. Como isso vai afetar as mudanças de temperatura nas correntes marinhas é uma informação-chave. Se as correntes mudam, tudo muda”, disse.


“Em termos de biologia, se a produção primária dos oceanos diminuir, a pesca também vai cair. A mudança nas rotas migratórias dos peixes-espadas repercutirá diretamente nas economias dos países e em muitos postos de trabalho em terra. A pesca é um exemplo claro de como um setor produtivo repercute em uma grande economia”, disse Valdés.

Segundo Valdés, a dimensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre os oceanos é frequentemente negligenciada e a informação recebida pela comunidade científica e pelo público geral é parcial.

“Temos dados do hemisfério Norte sobre o impacto das mudanças globais nos oceanos, mas não do hemisfério Sul. Desse modo, não temos como saber quais são os efeitos e os danos, como os ecossistemas estão respondendo ou como as espécies estão se adaptando”, ponderou.

Valdés afirma que as medidas que podem ser tomadas no sentido de mitigar os efeitos do aquecimento global sobre os oceanos estão diretamente relacionadas ao poder econômico dos países.

“As medidas tomadas em termos de adaptação em países como Holanda e Inglaterra são no sentido de se proteger contra o aumento no nível do mar. Isso significa uma importante transformação na engenharia costeira, o que é mais difícil de se fazer em economias menos desenvolvidas, como, por exemplo, em pequenas ilhas do Pacífico”, disse.

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