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Observadores internacionais causam polêmica nos EUA

Victoria Nuland afirmou que os países-membros da OSCE monitoram as eleições de seus afiliados entre si e que Washington lhes dá as boas-vindas por ser ''um livro aberto''


	Victoria Nuland: ''Os observadores devem obedecer as leis estatais. Temos entendido que pensam em cumprir plenamente as leis dos EUA''
 (Massoud Hossaini/AFP)

Victoria Nuland: ''Os observadores devem obedecer as leis estatais. Temos entendido que pensam em cumprir plenamente as leis dos EUA'' (Massoud Hossaini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 19h40.

Washington - A presença de observadores internacionais causou polêmica na véspera das eleições presidenciais nos Estados Unidos apesar de, como constatou nesta segunda-feira a reportagem da Agência Efe, a maioria só quer ''aprender'' sobre o processo democrático neste país.

A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, afirmou que os países-membros da OSCE - organização da qual os EUA fazem parte - monitoram as eleições de seus afiliados entre si e que Washington lhes dá as boas-vindas por ser ''um livro aberto'' e querer mostrar ao mundo que tem um sistema eleitoral ''excelente''.

''Os observadores devem obedecer as leis estatais. Temos entendido que pensam em cumprir plenamente as leis dos EUA'', disse Nuland na sexta-feira passada.

Neste ano, 40 dos 50 estados dos EUA serão anfitriões de observadores da OSCE e de outros órgãos não-governamentais e universidades.

A OSCE, um órgão internacional de 56 membros e conhecido por seu trabalho de vigilância da integridade eleitoral inclusive em países com regimes autoritários, enviou observadores aos EUA para cada eleição legislativa ou presidencial desde 2002 sem incidente algum.

Desde meados de outubro, o grupo enviou 44 observadores para diversos pontos do país, mas neste ano sofreu a resistência de autoridades do Texas, de Iowa e Ohio, estados que restringem ou proíbem a presença de observadores nos centros de votação.

O procurador-geral do Texas, Greg Abbott, apoiado pelo governador republicano Rick Perry, lembrou que, se algum observador da OSCE ''estiver a 30 metros da entrada de um centro eleitoral'', violaria a lei do Texas e poderia estar sujeito a processo.

O secretário de Estado de Iowa, Matt Schultz, também ameaçou com detenção e processo de observadores que se aproximarem a ''91 metros'' de um centro eleitoral nesse estado. Já o de Ohio, Jon Husted, advertiu, embora com menos dureza, que uma lei da Assembleia Geral proíbe que os observadores estrangeiros entrem nos centros de votação.


A OSCE disse que respeitará as leis, após explicar que a missão de seus observadores - que gozam de imunidade diplomática - será avaliar que as eleições dos EUA são realizadas com apego às ''obrigações e normas internacionais''.

O grupo, que em anos anteriores concluiu que as eleições nos EUA são livres e justas, embora possam melhorar em algumas áreas, deve divulgar um relatório preliminar sobre o pleito de 2012 na próxima quarta-feira.

Cerca de 30 observadores de México, Argentina e Espanha, com chancela da Universidade de Georgetown, tiveram melhor sorte na área da capital Washington.

''Nos interessa muito todo este processo, especialmente em uma eleição tão fechada, sobretudo para conhecer o sistema dos EUA, ver como são feitas as campanhas, e compará-la com a nossa no México. Claro, queremos ver como nosso partido e a democracia mexicana podem ser melhores'', disse à Agência Efe Enrique Cambranis Torres, presidente do Partido Ação Nacional (PAN) em Veracruz.

Por sua vez, a espanhola Pilar Cano afirmou que as eleições dos EUA ''têm grande acompanhamento na Espanha''.

''Espero poder informar a meu país sobre o que está ocorrendo aqui com exemplos concretos... por exemplo, a diversidade da comunidade hispânica'', explicou.

Advogado em Córdoba (Argentina), Gonzalo Fernández disse que veio porque sempre se interessou por ciência política.

''Há um interesse de toda a América Latina de tentar entender o funcionamento da democracia americana, quão perfeita ou imperfeita seja, e prever que tratamento pode ter com os EUA nos próximos anos'', afirmou.

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