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'O Brasil nos taxa muito. Taxaremos de volta', diz Trump

Republicano mencionou o Brasil e a Índia como possíveis alvos de sua guerra comercial

Donald Trump: ameaças de retaliação contra tarifas brasileiras (Andrew Harnik/AFP)

Donald Trump: ameaças de retaliação contra tarifas brasileiras (Andrew Harnik/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 18h02.

Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 18h33.

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na manhã desta segunda-feira, 16, que o Brasil é um dos países que mais taxam os produtos americanos e prometeu responder na mesma moeda.

“A palavra 'recíproco' é importante. O Brasil nos taxa muito. Se eles querem nos taxar, tudo bem. Taxaremos de volta”, declarou o líder republicano, durante um evento em Mar-a-Lago, sua residencia na Flórida.

Essa foi a primeira vez que Trump citou o Brasil como alvo explícito de suas ameaças de aumento de tarifas. Segundo ele, a Índia também está no radar da nova política americana.

No fim de novembro, Trump anunciou que pretende impor tarifa extra de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá que entrarem no país, e de 10% sobre os da China, após tomar posse, no dia 20 de janeiro.. Ele disse que as taxas serão mantidas até que os países vizinhos tomem medidas contra a imigração ilegal e o tráfico de fentanil.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. Neste ano, desde janeiro, o Brasil exportou US$ 36,5 bilhões aos EUA e importou US$ 37,3 bilhões em produtos americanos, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços.

Em 2023, os Estados Unidos compraram US$ 29,9 bilhões em produtos manufaturados brasileiros, como aeronaves, aço, máquinas para construção e mineração, motores e geradores. Além disso, o país exporta muito café em grão e suco de laranja aos EUA. Os produtos agrícolas possuem cotas de importação para poderem ser vendidos no mercado americano.

O Brasil cobra Imposto de Importação sobre produtos dos EUA, que podem chegar a 60% do valor do produto. Além disso, os itens podem ser taxados com IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS/Cofins e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a depender do tipo de produto e de vários fatores.

Em dezembro de 2019, o republicano anunciou subitamente que aumentaria tarifas sobre o aço e o alumínio do Brasil, mas recuou da medida em duas semanas, após conversar com o então presidente Jair Bolsonaro. A medida nunca entrou em vigor.

"Acho que o Brasil está mais preparado hoje para amortecer esses tipos de política e há tempo para buscar outros parceiros comerciais", diz Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM. Um exemplo disso foi o avanço do acordo entre União Europeia e Mercosul, fechado no começo de dezembro e que aguarda ratificação pelos europeus.

Investimentos bilionários

O republicano deu as declarações durante um evento em Mar-a-Lago, na Flórida, ao lado do CEO do SoftBank, Masayoshi Son, que anunciou um plano de investir US$ 100 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos.

“Ele está fazendo isso porque se sente muito otimista em relação ao nosso país desde a eleição”, disse Trump, acrescentando que a promessa representava uma "demonstração de confiança no futuro dos Estados Unidos".

O plano inclui uma promessa de criar 100 mil empregos focados em inteligência artificial e infraestrutura relacionada, incluindo investimentos em centros de dados, semicondutores e energia, de acordo com pessoas ligadas ao SoftBank.

Com Agência O Globo.

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