O avanço do nacionalismo, agora na Áustria
ÀS SETE - No domingo, os austríacos foram às urnas para eleger o parlamento do país, cuja composição dará o tom e a cor do novo governo
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 06h40.
Última atualização em 17 de outubro de 2017 às 12h00.
Enquanto a apuração dos votos das eleições na Áustria adentra esta terça-feira, o país, e o restante da Europa, segue apreensivo. No domingo, os austríacos foram às urnas para eleger o Conselho Nacional, o parlamento do país, cuja composição dará o tom e a cor do novo governo, além de definir um novo chanceler.
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A Áustria é atualmente governada por uma coalizão entre o Partido Social Democrata (SPÖ), que tem como líder o social-democrata Christian Kern, e o Partido do Povo (ÖVP). Daqui em diante, pode passar a ser governada por uma coalizão que inclui o ÖVP, de direita conservadora, e o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita nacionalista.
Por enquanto, com os resultados ainda não consolidados, é estimado que o SPÖ, que havia liderado a eleição anterior, tenha terminado com o segundo lugar e uma margem pequena de diferença para o FPÖ, ambos gravitando em torno de 27% e 26% dos votos.
O ÖVP teria, então, com cerca de 31% dos votos, a prerrogativa de ser o cabeça da próxima coalizão, o que alçaria ao estrelado o líder do partido, Sebastian Kurz, com apenas 31 anos.
Ele assumiu o comando do partido este ano e é tido como o grande responsável pela guinada que a legenda deu nas urnas. Durante as eleições, uma frase foi notória para distinguir o tom das campanhas: “a culpa é dos imigrantes”. Com forte tom estrangeiro pautando o debate, os partidos de direita conseguiram grande projeção.
Assim como na vizinha Alemanha, que no mês passado elegeu pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial um partido nacionalista para o Bundestag, a vitória do ÖVP e o bom desempenho eleitoral do FPÖ indicam uma guinada da Áustria à direita.
Seria de se esperar que a coalizão atual se renove para um novo mandato, na medida que o ÖVP é considerado um partido de direita nos moldes da União Social Cristã (CDU), da alemã Angela Merkel, e há um certo diálogo com o SPÖ. Mas os dois partidos romperam em maio e não há até então conversas de nova coalizão.
A retomada da direita volta a preocupar centristas na Europa, que ainda se vê tentando resolver os problemas gerados pelo Brexit e só há pouco respirou aliviada da perspectiva de ter Marine Le Pen no comando da França. As preocupações, agora, se concentram na terra natal de Adolf Hitler.