Novas eleições? Em semana decisiva, Itália decide o futuro do governo
Presidente italiano Sérgio Mattarella determinou que partidos formem uma nova coalizão até esta terça ou então serão convocadas novas eleições parlamentares
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2019 às 06h34.
Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 10h41.
São Paulo — A confusão do governo da Itália será parcialmente resolvida esta semana. Ou não. Depois que o primeiro-ministro Giuseppe Conte renunciou ao cargo no último dia 20, o presidente italiano Sérgio Mattarella determinou que os partidos formem uma nova coalizão de governo para a Itália até esta terça, 27, ou então ele convocará novas eleições parlamentares — que podem levar um ano para acontecer. A primeira rodada de conversas, encerrada na última quinta-feira, 22, terminou sem acordos políticos.
“A crise deve ser resolvida com decisões claras e tempos curtos”, afirmou Mattarella à imprensa na última quinta-feira, ao final das negociações. “Durante as consultas, fui informado por alguns partidos políticos que iniciativas foram tomadas por um acordo no Parlamento para um novo governo, e me pediram tempo para essa iniciativa”, completou, segundo o jornal Corriere della Sera.
O partido Movimento 5 Estrelas, que compunha a coalizão de governo com o A Liga, tenta um novo acordo com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. As legendas, que advogam por posições contrárias, tentam se unir para frear a chegada de Matteo Salvini, ministro do Interior, ao poder.
Salvini, líder do partido de extrema-direita A Liga, articulou a crise que levou Conte a renuncia r. No dia 8 de agosto, ele rompeu a coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas e apresentou uma moção de censura contra Conte no Parlamento, pedindo convocação de novas eleições. Tudo porque ele espera que seu partido, que tem cerca de 36% das intenções de voto, tenha bons resultados no pleito e o coloque na posição de primeiro-ministro italiano.
Seu tiro pode sair pela culatra, já que Mattarella está empenhado na busca por uma nova coalizão. Na discussão de quinta, o PD exigiu que a Itália se mantenha leal à União Europeia, que adote uma posição humanitária em relação aos imigrantes e que defina um novo programa econômico e social.
Já o 5 Estrelas reivindicou a redução do número de parlamentares, a adoção de regulamentos ambientais mais duros em prol de uma Itália “100% renovável” e a reforma do Judiciário. As exigências apresentadas por ambos os lados vão na contramão do que defende Salvini, que discursa contra a União Europeia , o euro, o ajuste nas contas públicas e as minorias, como ciganos e imigrantes.
Nicola Zingaretti, líder do PD, exigiu também que o próximo governo não seja liderado por Conte. Ele alega que o antigo premier não fez oposição aos discursos anti-imigratórios adotados por Salvini. “Nós precisamos de um governo de mudança, que faça oposição aos partidos de direita, com um programa novo, sólido e com ampla base de apoio parlamentar, que seja capaz de restaurar a esperança nos italianos”, disse Zingaretti. “Se essas condições não existirem, o natural resultado dessa crise é que haja novas eleições”
Os partidos e o presidente trabalham para evitar o retorno da Itália às urnas 3 anos e meio antes do previsto. Esta troca de governo, a décima em 20 anos, é péssima para o país, endividado e com crescimento estagnado.
Novas eleições agora atrapalhariam a elaboração do orçamento para 2020. Investidores italianos sinalizaram que preferem o acordo entre PD e 5 Estrelas a novas eleições. Agora, o resultado do conflito está nas mãos dos partidos.