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No Congo, uma eleição que mexe com seu iPhone

Congo, maior produtor mundial do cobalto usado nas baterias, vai às urnas domingo escolher o sucessor de Joseph Kabila

Smartphones: Congo é um dos principais produtores da matéria-prima (Leandro Fonseca/Exame)

Smartphones: Congo é um dos principais produtores da matéria-prima (Leandro Fonseca/Exame)

Após dois anos de protestos violentos e inúmeros confrontos políticos, ficou marcado para o próximo domingo (23) as eleições presidenciais da República Democrática do Congo (RDC). Atualmente, o país é o maior produtor de cobalto do mundo, exportando mais de 50% do suprimento mundial que é componente-chave usado em baterias que alimentam celulares, notebooks e carros elétricos.

Os resultados de domingo também serão decisivos para a manutenção da democracia congolesa. O atual presidente, Joseph Kabila, deveria ter deixado o cargo em dezembro de 2016, mas alegando falta de infraestrutura para a realização de novas eleições, permanece no posto até hoje.

Empossado em 2001, Kabila assumiu a presidência do Congo com apenas 30 anos de idade. Isso ocorreu após o assassinato do então presidente Laurent-Désiré Kabila, seu pai. Em 2006, Kabila foi democraticamente eleito para o posto que já ocupava, marcando a primeira eleição democrática do país em 40 anos. Desde então, o presidente se reelegeu mais uma vez, assim somando dois mandatos oficiais, o limite imposto pelas leis da RDC.

Em dezembro de 2016, quando o segundo mandato de Kabila terminou, o presidente passou a adiar a eleição que o sucederia alegando que o Estado não tinha fundos para realizar a atualização dos registros populacionais, o que na prática inviabiliza uma contagem de votos. Desde então, a oposição passou a acusar Kabila de adiar propositalmente o pleito para se perpetuar no poder.

Frente à situação, a Igreja Católica passou a convocar protestos em Kinshasa, capital do país. Em janeiro deste ano, sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nas manifestações que tomaram corpo pedindo por novas eleições. Até que, em agosto, Kabila anunciou que não concorreria ao pleito marcado para dezembro, mas em seu lugar indicou seu braço direito e número dois do Partido Popular da Reconstrução e Democracia (PPRD), Emmanuel Shadary.

Uma recente pesquisa de opinião do grupo de pesquisa do Congo da Universidade de Nova York deu a Shadary apenas 16% dos votos, o colocando atrás de dois candidatos da oposição. Entretanto, adversários políticos de Kabila temem fraudes nas eleições.

A depender dos resultados das urnas e da estabilidade que o novo governo terá, o comércio mundial de cobalto pode sofrer mudanças, afetando, inclusive, a bateria do seu próximo smartphone.

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