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Navios-patrulhas chineses reavivam conflito com o Japão

A China alegou que a decisão de patrulhar as águas que cercam o conflituoso arquipélago é ''razoável e está totalmente justificada''


	Os navios chineses se aproximaram das ilhas Senkaku (Diaoyu para a China)
 (Japan Coast Guard/AFP)

Os navios chineses se aproximaram das ilhas Senkaku (Diaoyu para a China) (Japan Coast Guard/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2012 às 20h09.

Tóquio/Pequim - Navios-patrulhas da China entraram nesta sexta-feira em águas territoriais das ilhas que este país disputa com o Japão e provocaram um contundente protesto de Tóquio, no mais recente atrito de um conflito que abalou seriamente as relações entre os dois gigantes asiáticos.

A China alegou que a decisão de patrulhar as águas que cercam o conflituoso arquipélago é ''razoável e está totalmente justificada'', depois que Tóquio comprou na terça-feira as terras de três das ilhas que formam o disputado arquipélago situado na região Ásia-Pacífico.

O governo japonês, por sua vez, qualificou como ''extremamente lamentável'' a ''intrusão'' e apresentou um ''contundente protesto'' ao embaixador chinês na capital japonesa, Cheng Yonghua, informou a agência ''Kyodo''.

As patrulhas chinesas de vigilância entraram na madrugada de hoje em águas territoriais desse grupo de ilhas do Mar da China Oriental conhecidas como Senkaku no Japão, Diaoyu na China e Tiaoyutai por Taiwan, que também as reivindica.

Segundo a Guarda Litorânea do Japão, um de seus navios fez um sinal de advertência às embarcações chinesas, mas estas responderam alegando que estavam patrulhando território chinês e pediram aos japoneses que abandonassem a região.

Trata-se da primeira vez que um número tão elevado de navios chineses entra ao mesmo tempo em águas das ilhas em disputa, onde permaneceram cerca de sete horas antes de se afastar, segundo as autoridades japonesas.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, afirmou que seu governo tomará ''todas as medidas possíveis'' para garantir a segurança em torno das ilhas desabitadas, que, acredita-se, contam com ricos recursos minerais e estão formalmente administradas pela província japonesa de Okinawa.

Pequim, por outro lado, sustenta que ''a atual tensão entre China e Japão é causada completamente pelo Japão'', afirmou hoje o porta-voz do Ministerio das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, em entrevista coletiva.


Hong declarou que o Japão deve ''voltar a pensar sobre suas decisões e corrigir seus atos'' para solucionar o conflito através de negociações.

O porta-voz negou-se a responder se o envio de patrulhas chinesas às águas dessas ilhas piorará a situação, mas defendeu que o governo chinês tinha atuado em relação às circunstâncias.

''A parte chinesa tomou medidas razoáveis e justificadas para defender a soberania de seu território e seus interesses'', disse Hong.

Em Tóquio, o vice-ministro de Relações Exteriores japonês, Chikao Kawai, ressaltou ao embaixador chinês em tom mais conciliador a importância de que ambas as partes ''não percam a perspectiva'' de suas relações e respondam à disputa ''com calma'', e pediu a Pequim para garantir a segurança dos cidadãos japoneses na China.

O crescente conflito entre os dois países derivou em leves distúrbios entre cidadãos chineses que vivem no Japão e vice-versa, segundo a imprensa chinesa.

Quanto a isso, Hong hoje afirmou que ''os chineses estão profundamente decepcionados com o governo japonês'', apesar de ter defendido que, apesar deste sentimento, ''os cidadãos japoneses são inocentes''.

''A China é um país onde impera a lei, os cidadãos japoneses estão a salvo na China e serão protegidos de acordo com a lei. Ao mesmo tempo, pensamos que os chineses têm que expressar suas ideias racionalmente e sem infringir a legislação'', afirmou o porta-voz.

No meio do conflito, a cidade de Xangai realizará amanhã uma simulação com sirenes antiaéreas em quase todo seu território, um exercício anual que nesta ocasião coincide com a tensão nas ilhas, informou hoje a prefeitura.

A situação entre os dois países ameaça pôr em risco as celebrações pelo 40º aniversário da normalização de laços bilaterais após a Segunda Guerra Mundial, previstas para o fim deste mês.

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