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Não faz sentido negociar novos compromissos sem acelerar Acordo de Paris, diz Lula no G20

Presidente cobrou líderes globais a anteciparem metas de redução de poluentes e a criar formas para implantar o que já foi combinado

O presidente Lula, durante reunião de cúpula do G20, no Rio de Janeiro (Ludovic Marin/AFP)

O presidente Lula, durante reunião de cúpula do G20, no Rio de Janeiro (Ludovic Marin/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 19 de novembro de 2024 às 11h02.

Rio de Janeiro - O presidente Lula fez críticas aos países desenvolvidos e pediu a aceleração de ações ambientais em seu discurso de abertura da terceira sessão da reunião de líderes do G20, no Rio de Janeiro.

"Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais", disse o líder brasileiro, na manhã desta terça, 19.

"Aos países em desenvolvimento, faço um chamado para que suas NDCs (compromissos nacionais de redução) cubram toda a economia e todos os gases de efeito estufa. É essencial que considerem adotar metas absolutas de redução de emissões", prosseguiu.

"O Protocolo de Kyoto se tornou referência de frustração na ação coletiva. A COP15, em Copenhague, foi um trauma que quase descarrilhou o regime climático. O Acordo de Paris está chegando a Belém com dez anos e seus resultados ainda estão muito aquém do necessário. Não há mais tempo a perder", disse Lula.

O presidente ressaltou que o G20 lançou uma força-tarefa para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima, que reúne ministros de finanças, meio ambiente e relações exteriores para discutir soluções.

"Precisamos de uma governança climática mais forte. Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris. O Brasil convida a comunidade internacional a considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU, que articule diferentes atores, processos e mecanismos que hoje se encontram fragmentados", afirmou.

Lula disse que o Brasil apresentou sua nova NDC neste mês, que aumentou de 59% para 67% a meta de corte de emissões para 2035, na comparação com 2005, e voltou a prometer acabar com o desmatamento até 2035.

"Mesmo que não derrubemos mais nenhuma árvore, a Amazônia continuará ameaçada se o resto do mundo não cumprir a missão de conter o aquecimento global", disse.

Reta final do G20 no Brasil

Esta é a última das três partes da reunião de cúpula do G20, que debate o combate às mudanças climáticas e transição energética. Depois dela, haverá um evento de encerramento e a transferência simbólica da Presidência do G20 do Brasil para a África do Sul.

Durante o dia, o presidente Lula terá reuniões bilaterais, com os líderes da Índia, Japão e Reino Unido. O líder brasileiro também terá um almoço com o presidente dos EUA, Joe Biden. Lula retorna para Brasília no fim da tarde.

O grupo une 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) — integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O G20 agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.

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