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Na guerra do voto por correio nos EUA, Facebook vai contra Trump

Resultados vão demorar a sair e eleitores precisam se acostumar, disse o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg. Trump já criticou o método de votação

Votação pelo correio: tema de polêmica nos EUA após declarações do presidente Donald Trump (Brian Snyder/Illustration/Reuters)

Votação pelo correio: tema de polêmica nos EUA após declarações do presidente Donald Trump (Brian Snyder/Illustration/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 3 de agosto de 2020 às 15h13.

Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 15h26.

O voto por correio nos Estados Unidos deve seguir dando o que falar. Após o presidente americano Donald Trump afirmar na semana passada que era a favor de adiar as eleições para evitar que votos fossem feitos pelo correio — o que é permitido nos Estados Unidos em alguns casos —, o Facebook deve entrar na discussão.

Em entrevista ao jornal The New York Times publicada neste fim de semana, o presidente e fundador da companhia, Mark Zuckerberg, afirmou que pretende educar seus usuários acerca desse tipo de votação e da demora natural em contabilizar os votos.

Zuckerberg disse que planeja ter conteúdos informativos com o objetivo de "preparar as pessoas para o fato de que há uma grande probabilidade de que se demore dias ou semanas para contar isso [os votos] — e que não há nada de errado ou ilegítimo nisso."

O Facebook também está considerando, ainda segundo Zuckerberg, novas regras contra políticos que aleguem vitória de forma prematura, antes do resultado oficial da eleição.

Zuckerberg não mencionou Trump diretamente. Mas o presidente americano vem dando sucessivas declarações contra o voto por correio e questionando sua legitimidade.

Esse tipo de votação, que já era autorizada em parte dos Estados Unidos, vem sendo ampliada em diversos estados americanos em meio à pandemia do novo coronavírus. As eleições presidenciais americanas estão marcadas para 3 de novembro, quando Trump disputará a reeleição contra o democrata Joe Biden.

A declaração mais forte contra a votação à distância veio na semana passada, quando Trump defendeu que as eleições americanas fossem adiadas porque o pleito poderia ser inseguro ao ter parte dos votos pelo correio.

Com a votação pelo correio, escreveu Trump, “2020 será a eleição mais imprecisa e fraudulenta da história. Será uma grande vergonha para os Estados Unidos. Adiem a eleição até que as pessoas possam votar de forma apropriada e segura.”

Na postagem, o presidente americano não deu mais detalhes sobre se fez algum pedido formal para adiamento das eleições e como isso seria feito. Na prática, um presidente não tem poder para adiar o pleito sem que haja aval do Congresso. Não há no momento nenhum tipo de proposta de adiamento das eleições em discussão no Legislativo.

Eleições nas redes sociais

Em outro questionamento de Trump sobre voto pelo correio neste ano, sua postagem terminou sendo marcada pelo Twitter como um aviso de checagem de fatos — o que desencadeou um avanço do governo americano liderado por Trump contra as redes sociais, acusando-as de censura.

O Facebook, por sua vez, vem sendo pressionado a conter o avanço de notícias falsas ou questionamento da legitimidade de instituições em suas redes. Nas eleições de 2016, nas quais Trump foi eleito pela primeira vez, já circularam na internet questionamentos sobre a contagem de votos e a legalidade das eleições.

Na ocasião, a democrata Hillary Clinton venceu em votos absolutos, mas Trump foi eleito porque teve mais delegados no colégio eleitoral. O maior número de votos de Clinton foi questionado por apoiadores de Trump.

Na outra ponta, as redes sociais também vêm sendo questionadas em eleições mundo afora por, segundo críticos, fazerem pouco para combater a circulação de acusações sem fundamento contra candidatos. O Facebook, historicamente, se posiciona dizendo que o que circula em suas redes não será contido, em nome da liberdade de expressão.

Com as pressões constantes, Zuckerberg já admite fazer algumas adaptações. A educação sobre voto pelo correio pode ser uma delas — e novas discussões devem aparecer até a eleição americana em novembro.

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