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Multidão amarela e vermelha pede referendo na Catalunha

Nas esquinas das diferentes ruas, foram erguidas dezenas de "castells", enormes torres humanas típicas da região

Marcha pela catalunha: falta de iniciativa do governo parece ter dado asas ao independentismo (Albert Gea/Reuters)

Marcha pela catalunha: falta de iniciativa do governo parece ter dado asas ao independentismo (Albert Gea/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 18h24.

Usando as cores amarela e vermelha da bandeira catalã, uma maré humana percorreu as principais vias da cidade para exigir a realização, no dia 9 de novembro, de um referendo sobre a independência da região.

A manifestação gerou uma guerra de números: 1,8 milhão de pessoas, segundo a Prefeitura de Barcelona - do partido nacionalista catalão CiU - e entre 470.000 e 520.000, de acordo com a delegação do governo espanhol na Catalunha.

Às 17h14, hora local (12h14 de Brasília), em memória pela queda de Barcelona nas mãos das tropas de Felipe V, em 1714, foi formado um grande V humano de onze quilômetros de comprimento que se estendeu por duas avenidas centrais da cidade, formando um grande mosaico da bandeira da Catalunha.

"Este V é uma mensagem de muita força, que deveria ser ouvida em Madri. É o momento de virem à mesa negociar", declarou Artur Mas em um discurso ao final da mobilização.

No ponto em que as duas avenidas se encontram, uma jovem depositou simbolicamente um voto em uma urna, em meio aos aplausos e a uma bandeira catalã separatista decorada com uma estrela branca sobre o fundo azul.

Perto dali, Lourdes Castellseguer, de 86 anos, se emocionou, depois de ter feito questão de participar do ato com a ajuda de seu andador: "Estamos fazendo algo muito importante e temos que ir todos juntos. Não importa a idade".

"Não será fácil porque vão nos impor muitos obstáculos, mas conseguiremos. Espero chegar a ver isso", confessou.

Com ela, a jovem Laura Sánchez Lora, de 16 anos, se mostrava ansiosa para votar no dia 9 de novembro, no que será o seu primeiro encontro com as urnas.

"Não é só por uma questão sentimental. Agora, mais do que nunca, a Catalunha precisa de um Estado que defenda seu idioma, sua cultura e sua economia", opinou.

Pressão cidadã

Nas esquinas das diferentes ruas, foram erguidas dezenas de "castells", enormes torres humanas típicas da região, enquanto os espectadores gritavam: "In, Inde, Independência".

"Juntos, aqui, convocamos a consulta. Parlamento catalão, governo, presidente da Catalunha, venham às urnas no dia 9 de novembro!", pediu em seu discurso Carme Forcadell, presidente da Assembleia Nacional Catalã, principal associação civil separatista.

"Temos que pressionar o máximo, não podem nos parar", afirmou Roger Farssac, um técnico em informática de 45 anos.

Em 2012, uma imensa manifestação em Barcelona precipitou a o processo de autodeterminação.

Em 2013, uma corrente humana separatista de 400 quilômetros obrigou o governo catalão a fixar a data da votação para o dia 9 de novembro.

Impossível impedir o voto

O presidente catalão, Artur Mas, advertiu Madri que "é praticamente impossível impedir para sempre" a consulta na Catalunha.

"É absurdo pretender isso e acredito que o Estado espanhol deve perceber", declarou na quarta-feira em uma entrevista à AFP em seu gabinete no palácio de la Generalitat, sede do governo catalão.

A falta de iniciativa do governo central parece ter dado asas ao independentismo nesta região de 7,5 milhões de habitantes de onde sai um quinto da riqueza espanhola.

O desentendimento começou em 2010, quando o Tribunal Constitucional privou a Catalunha - que tem amplas cotas de autogoverno em educação, saúde e segurança - de seu status de nação incluído no estatuto de autonomia regional aprovado em 2006.

Dois anos depois, a divisão se acentuou quando o governo central negou um melhor financiamento a esta região muito afetada pela crise.

Nos próximos dias, Mas espera convocar sob o amparo de uma lei regional esta consulta que constará de uma dupla pergunta: "Quer que a Catalunha seja um Estado? Quer que seja um Estado independente?".

Ao contrário de Londres, o governo de Mariano Rajoy se opõe fortemente à consulta e pensa em impugná-la na justiça porque, na sua opinião, viola a Constituição de 1978, que consagra a "indissolúvel unidade da nação espanhola".

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