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Mulheres de Jerusalém lutam contra exclusão social

Elas foram expulsas do espaço público da cidade pela pressão ultrarreligiosa dos judeus

Jerusalém, em Israel, onde a presença das mulheres é limitada a calçadas diferentes (Berthold Werner/Wikimedia Commons)

Jerusalém, em Israel, onde a presença das mulheres é limitada a calçadas diferentes (Berthold Werner/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2011 às 09h59.

Jerusalém - As mulheres de Jerusalém se esforçam para recuperar sua presença no espaço público da cidade, do qual foram expulsas pouco a pouco pela pressão ultrarreligiosa dos judeus.

Nesta cidade dividida pela religião, as linhas de ônibus são segregadas, obrigando as mulheres a viajar na parte traseira dos carros e, em determinados bairros ortodoxos, sua presença é limitada a calçadas diferentes. Também quase não há publicidade que exiba rostos ou corpos femininos e, além disso, cartazes as orientam a se vestir 'com modéstia'.

Esta exclusão do convívio público, bem como a proibição do uso de calças e a imposição do véu que cobre cabeça e ombros, cresce no lado ocidental de Jerusalém em paralelo com o aumento do poder dos partidos religiosos judeus na esfera política.

Recentemente, a mídia local denunciou a existência de supermercados e clínicas com horários diferentes para homens e mulheres, a fim de evitar qualquer tipo de contato que possa levar a tentações pecaminosas.

'Os haredi (ultraortodoxos) exercem muita pressão para que as mulheres não sejam mais vistas e exigem a segregação em todos os lugares. São muito extremistas, mas por enquanto, a Polícia não deixa que se imponham', explica à Agência Efe Peggy Cidor, membro da organização feminista judaica religiosa Mulheres do Muro.

'Os religiosos modernos são muitos e são integrados na sociedade: nos tribunais, Governo, Exército, mundo acadêmico e cultural... Não vivem em bairros e cidades separadas, como os ultraortodoxos. Têm muita influência e são radicais com as mulheres, teremos um problema muito sério', acrescenta Peggy.


Para a estudante do Talmude, livro que reúne leis e costumes judaicos, esta segregação 'não está baseada em nenhum preceito ou lei judaica, mas no extremismo machista e no ódio às mulheres'. Na luta contra esta tendência, as mulheres começaram a se reunir em organizações para reafirmar seus direitos de igualdade com os homens. 'Não queremos viver como em Teerã', disse.

Como parte do protesto, realizaram manifestações nas quais cantaram nas ruas e colaram cartazes com fotos de mulheres comuns por toda a cidade, alguns dos quais foram arrancados pelos religiosos, que os consideraram uma provocação.

Rachel Azaria, membro do Conselho da Prefeitura de Jerusalém que se opôs na Corte Suprema contra a segregação de gênero nas ruas do bairro central Mea Shearim, comemora que 'as mulheres finalmente estejam se unindo' e exigindo solução para este fenômeno que afeta as comunidades religiosas.

'Faz um ano que vigiamos os cartazes publicitários da cidade. As mulheres praticamente desapareceram: não estão em 99% (dos cartazes) e cada vez aparecem menos cantando nos eventos da Prefeitura', explica o rabino de ideias liberais, Uri Ayalon.

Ayalon é fundador do movimento Yerushalmi, que lidera os protestos contra a exclusão feminina em Jerusalém, reunindo duas mil pessoas na página do Facebook 'Não censuradas', com o objetivo de devolver as mulheres à paisagem urbana de Jerusalém.

'Os anunciantes preferem não utilizar mulheres porque temem ofender os religiosos, e que eles danifiquem os cartazes. Chegamos a um ponto em que nem mesmo as cantoras saem nos cartazes que divulgam seus discos', acrescenta.

Em outubro, a organização afixou cartazes com fotos de mulheres em diversos pontos da cidade, como arma para que 'não sejam os extremistas que definam se imagens que podem estar na via pública'. Para reivindicar seu espaço, bailarinas da companhia de dança Kolben, atuarão na tarde desta segunda-feira em uma rua do centro da cidade.

A companhia anunciou que manterá abertas as cortinas de seu salão de ensaios, até agora fechadas para impedir que suas alunas fossem vistas no 'pouco decoroso' ato de dançar e ofendessem os mais religiosos. 

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