De acordo com estudo da ONU, o aumento de temperatura e a imprevisibilidade da metereologia poderiam reduzir em até 6,9% o rendimento do cultivo de milho (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
Roma - A mudança climática pode provocar o retrocesso de forma substancial dos avanços obtidos na redução da pobreza e na segurança alimentar na África, indica um documento apresentado na Conferência Regional para a África da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Em nota divulgada hoje, no evento que acontece nesta semana, em Luanda (Angola), a FAO explica que "a principal consequência do aumento das temperaturas e de uma meteorologia mais imprevisível seria uma redução dos rendimentos dos cultivos - 6,9% no caso do milho, alimento básico de grande importância - e um maior risco de insegurança alimentar".
O documento Climate Change Implications for Food Security and Natural Resources Management in África (Implicações da mudança climática na segurança alimentar e a gestão dos recursos naturais na África) adverte que não se pode continuar agindo como se nada ocorresse.
Além disso, a FAO recomenda aos Governos africanos "tomar medidas para desenvolver a agricultura e a gestão sustentável dos recursos naturais".
Segundo o organismo, a mudança climática afetará os países africanos mais pobres de forma desigual, a população mais pobre desses países sofrerá as piores consequências e o agricultor de subsistência está entre os mais vulneráveis.
A adaptação à mudança climática através de práticas sustentáveis, incluindo a promoção e proteção dos alimentos e os conhecimentos agrícolas locais e tradicionais, deveria ser uma prioridade, ressalta o documento.
A FAO acrescenta que são necessárias políticas de desenvolvimento que tenham como objetivo os grupos vulneráveis, especialmente as mulheres, pois sua carga de trabalho aumentará como consequência do impacto sobre os recursos de água e terra.
O documento assinala que também há um potencial cada vez maior para que os países africanos se beneficiem de instrumentos dos mercados internacionais de créditos de carbono, como forma de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Entre outras questões, a reunião de cinco dias em Luanda analisará os efeitos dos elevados preços dos alimentos na segurança alimentar da África e os desafios e oportunidades para a produção de biocombustíveis neste continente, complementa o documento da FAO.