Morales vence primeiro turno das eleições na Bolívia
Com 99,99% das atas eleitorais contabilizadas, Evo tem 47,07% dos votos, mais de 10,56 pontos acima de Carlos Mesa
Agência Brasil
Publicado em 24 de outubro de 2019 às 21h10.
Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 09h55.
Com 99,99% das urnas apuradas agora de manhã, os resultados das eleições na Bolívia dão a vitória a Evo Morales . O atual presidente contabiliza 47,07% dos votos e Carlos Mesa, seu principal opositor, 36,51%. A diferença entre os candidatos é de 10,56%. Pela legislação eleitoral boliviana, para vencer no primeiro turno, é preciso conquistar mais de 40% dos votos com pelo menos 10% de diferença do segundo colocado.
As eleições presidenciais bolivianas ocorreram no último domingo (20), e a apuração foi acompanhada por polêmica. Em cenário polarizado entre Evo Morales e Carlos Mesa, não faltaram acusações de ambos os lados. Morales acusou Carlos Mesa de delinquente. Carlos Mesa afirma que Morales fraudou o pleito.
A Missão de Observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da apuração e defendeu a realização de segundo turno no país, devido à pouca diferença de votos entre os candidatos. Segundo o coordenador do Departamento de Observação Eleitoral, Gerardo de Icaza, a credibilidade da Justiça Eleitoral no país estaria em dúvida e, por isso, mesmo que alcançada a diferença de 10%, deveria ser assegurado o segundo turno.
Caso haja segundo turno, ele será realizado no dia 15 de dezembro. A posse será em 22 de janeiro de 2020.
Até o momento, no site do Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) da Bolívia, onde a contagem dos votos pode ser acompanhada, Evo Morales contabiliza 2.889,074 votos, enquanto Carlos Mesa tem 2.240,894 votos. A última atualização foi feita às 8h de hoje.
Se confirmado, será o quarto mandato consecutivo de Evo Morales, a primeira votação em que ele não alcança uma margem superior a 50% dos votos. Sua candidatura à reeleição é amplamente questionada.
Em fevereiro de 2016, Morales perdeu nas urnas um referendo sobre a possibilidade de reeleição. Os bolivianos votaram "não", com 51,3% dos votos. No entanto, uma decisão do Tribunal Constitucional, em 2017, habilitou Morales a seguir concorrendo à reeleição indefinidamente, alegando que é um direito humano o de "eleger e ser eleito". A oposição afirma que Morales está desrespeitando o voto e a escolha dos cidadãos no referendo de 2016.
Entenda
No domingo, depois de encerrada a votação, teve início a apuração. Um dos métodos adotados pelo OEP consiste em uma transmissão rápida de resultados preliminares, apelidada de "Trep". Ainda no domingo, o "Trep" apontou uma soma preliminar com 83% dos votos apurados, com Morales à frente de Mesa por uma diferença de cerca de 8%.
A atualização no Trep foi interrompida, enquanto a contagem geral, manual, continuou. Um dos integrantes do Tribunal Supremo Eleitoral renunciou, avaliando a suspensão do Trep como decisão "desatinada". A contabilização utilizando o Trep foi retomada na noite de segunda-feira (21). No novo cenário, Morales havia ampliado ligeiramente sua vantagem, chegando na casa dos 10% necessários para sua vitória no 1º turno. Nessa quinta-feira (24), 95% dos votos haviam sido registrados no sistema preliminar, faltando 5% dos votos das áreas mais afastadas.
Começaram protestos por todo o país, com grupos atacando e queimando a sede da Justiça Eleitoral em seis estados. O candidato opositor, Carlos Mesa, acusou a Justiça Eleitoral e o governo de estarem promovendo uma fraude massiva e disse que não reconheceria o resultado. Morales condenou a violência e acusou a tentativa de um golpe no país para inviabilizar a eleição. Diante dos atos de violência, tribunais regionais tiveram dificuldade de continuar a apuração dos votos.