Dina Boluarte toma posse como presidente do Peru após a destituição de Pedro Castillo, em 7 de dezembro de 2022 em Lima. (AFP/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de dezembro de 2022 às 09h18.
A intenção de Dina Boluarte de seguir como presidente do Peru até 2026 parece cada vez mais difícil. Após assumir o lugar de Pedro Castillo, que tentou dar um golpe e foi destituído e preso na quarta-feira, 7, formar um governo que dê a ela legitimidade e força para dialogar com o Congresso parece inviável, enquanto crescem os pedidos por novas eleições.
"Boluarte não tem partido e nem representantes no Congresso, é impopular e considerada uma traidora pelos seguidores de Castillo e não tem apoio em movimentos regionais", diz o ex-ministro da Saúde Víctor Zamora. Para ele, a nova presidente "é refém do Congresso e pode, no máximo, formar um gabinete de transição".
Enquanto Castillo divide a mesma prisão, em Lima, com o ex-presidente Alberto Fujimori, manifestantes saem às ruas em diferentes partes do país pedindo novas eleições. Alguns protestos pedem também o fechamento do Congresso em mais um sinal de que a crise está longe do fim.
Diante desse cenário, Boluarte deixou as portas abertas para novas eleições. "Se a sociedade e a situação assim determinarem, adiantamos as eleições em conversas com as forças democráticas do Congresso", afirmou nesta sexta, 9.
"Caiu Castillo, mas continuamos tendo o mesmo Congresso. Por isso, a maior possibilidade é a de vermos um governo interino. Construir a coalizão que precisa para ficar no poder até 2026 é algo muito complicado", afirma o analista político Carlos Meléndez, integrante do grupo 50+1 de análises políticas peruano.
Boluarte tenta costurar alianças com a direita e anuncia neste sábado, 10, o novo gabinete. Enquanto isso, pede calma aos manifestantes após notícias de confrontos violentos.
No interior do país, como em Cajamarca, berço político de Castillo, e Trujillo, Puno e Ayacucho, manifestantes bloqueiam estradas contra a prisão e destituição do ex-presidente.
Para Zamora, as vozes das ruas devem crescer e a presidente não terá muita opção. "Acredito que ela deva se apresentar como uma governante de transição e estabelecer 3 ou 4 objetivos, como garantir eleições limpas, reduzir o impacto da fome e melhorar a segurança."
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