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Militantes do Fatah denunciam perseguição do Hamas em Gaza

Na Faixa de Gaza, integrantes do Fatah evitam se identificar por temerem represálias

O presidente palestino Mahmud Abbas faz uma oração pelas vítimas da recente ofensiva israelense na Faixa de Gaza (Abbas Momani/AFP)

O presidente palestino Mahmud Abbas faz uma oração pelas vítimas da recente ofensiva israelense na Faixa de Gaza (Abbas Momani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2014 às 17h17.

Ramallah - Pouco depois de sair de casa em Gaza, Abu Jihad levou nove tiros na perna por ter desrespeitado a prisão domiciliar imposta pelo Hamas a 300 integrantes do Fatah, seu rival histórico.

"Eu nunca tinha pensado que o Hamas, ou qualquer movimento palestino me atacaria", afirma este morador de Gaza, de 27 anos, internado em um hospital de Ramallah. Jihad aceita contar seu calvário com um nome falso e sem revelar o nome do centro médico onde está.

Jihad foi levado da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, para receber tratamento na Cisjordânia, onde fica a sede da Autoridade Palestina, do presidente Mahmud Abbas, líder do Fatah.

Em Gaza, onde o grupo radical Hamas tomou o poder à força em 2007, os integrantes do Fatah -do simples militante às autoridades de maior escalão- evitam se identificar por temerem represálias.

O Hamas colocou em prisão domiciliar 300 integrantes do Fatah e dezenas deles foram atacados a tiros para que respeitassem a ordem, disseram.

"O Fatah não se atreve a enfrentar o Hamas"

Ibrahim, uma liderança do Fatah, quer contar sua história, já que ninguém, nem a direção do partido na Cisjordânia, apoia seus membros em Gaza. "Na melhor das hipóteses, eles nos enviam uma mensagem desejando nossa pronta recuperação, mas não se atrevem a enfrentar o Hamas", afirma.

"Para evitar que o Hamas os ataque, muitos membros do partido entraram para a Jihad Islâmica", a segunda maior força em Gaza, diz Abu Iyad, outro militante do Fatah.

O segundo dia de guerra com Israel na Faixa de Gaza, "quatro homens vestidos de preto, armados e mascarados" chegaram à casa de Ibrahim e entregaram a ele um papel com o selo oficial das Brigadas Ezzedin al-Qassam, braço armado do Hamas.

"Para sua própria segurança, pedimos que não deixe sua casa durante todo o período de guerra", indica o comunicado.

"Nosso único erro é pertencer ao Fatah", afirma Ibrahim diante da ausência de acusações no texto.

Abu Ahmed, de 23 anos, está convencido de que levou 19 tiros nas pernas por pertencer ao Fatah. "Eles me colocaram contra a parede, atiraram e gritaram: 'Este é o nosso presente para o Fatah'", explica à AFP em um hospital da Cisjordânia.

"Se o Hamas duvida de nós, por que não nos executa como fez recentemente com 18 pessoas acusadas de colaboração? Por que não nos julga e abre uma investigação?", afirma Abu Jihad.

"Em nossa sociedade, onde a reputação está acima de tudo, famílias inteiras vivem agora com medo", afirma uma autoridade do Fatah em Gaza. "O Hamas questiona a dignidade e o patriotismo de nossos militantes, sendo que alguns lutaram e perderam parentes em combate".

Procurado pela AFP, o Hamas garantiu que essas prisões domiciliares não têm motivação política e que estavam relacionadas a "procedimentos judiciais contra pessoas, incluindo membros do Fatah".

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