Milhares de sul-africanos exigem que presidente abandone o poder
Protestos vieram após horas depois de Jacob Zuma demitir seu ministro das Finanças em uma grande remodelação de governo
EFE
Publicado em 31 de março de 2017 às 11h55.
Johanesburgo - Milhares de pessoas na Cidade do Cabo e Pretória exigiram nesta sexta-feira a renúncia do presidente da África do Sul , Jacob Zuma, horas depois de demitir seu ministro das Finanças, em uma grande remodelação de governo que deixa mais dividido do que nunca o partido governante.
A maior das manifestações aconteceu na capital ao término de uma entrevista coletiva do ministro das Finanças cessado, Pravin Gordhan, que se transformou em símbolo de luta contra a corrupção por se negar a aprovar, por causa de seu elevado custo, vários projetos de Zuma que beneficiariam empresários próximos ao presidente.
"Estou especialmente descontente com a destituição de Gordhan, à qual os mercados financeiros reagirão negativamente", declarou o vice-presidente da África do Sul e candidato a substituir Zuma em 2019, Cyril Ramaphosa, que qualificou de "totalmente inaceitável" a decisão de seu chefe.
Zuma justificou a decisão de cessar Gordhan na existência de um relatório de inteligência que acusa o já ex-ministro de Finanças de conspirar no exterior para derrubar o presidente.
O próprio Gordhan qualificou a acusação de "absoluto sem sentido", durante conversa com os jornalistas, na qual encorajou seus compatriotas a se mobilizar para proteger a democracia dos abusos de poder e deixar claro que o país "não está à venda".
Gordhan denunciou ter sofrido uma perseguição constante desde que Zuma se viu obrigado em dezembro de 2015 a nomear-lhe titular de Finanças para atenuar a forte queda da confiança dos investidores que tinha provocado a designação de seu antecessor no cargo, um desconhecido próximo ao presidente.
Durante esse período, Gordhan foi chamado a declarar várias vezes pela Promotoria, em processo visto pelos observadores como uma manobra política de Zuma para pressionar o ministro rebelde, e enfrentou nos tribunais os Gupta, um clã de empresários de origem indiana estreitamente ligados ao presidente.
Enquanto muitos dos líderes do governante Congresso Nacional Africano (CNA) falam contra a polêmica decisão do presidente e líder do partido, os partidos de oposição preparam ações legais e uma moção de censura para conseguir a destituição de Zuma.
A oposição apelou aos deputados do CNA que rompam a disciplina de partido para derrubar um líder acossado pelos casos de corrupção e pelo mau desempenho da economia. O próprio Gordhan antecipou que votará em consciência quando chegar o momento.