Milhares de argentinos protestam contra a instabilidade econômica
Os manifestantes que se reuniram em Buenos Aires pediram a saída de Macri e o fim da instabilidade econômica que aumentou após as eleições primárias
EFE
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 18h34.
Última atualização em 16 de agosto de 2019 às 10h45.
Buenos Aires — O centro de Buenos Aires foi tomado nesta quinta-feira por milhares de pessoas que protestaram devido à instabilidade econômica que impacta a Argentina desde a segunda-feira, com uma forte desvalorização do peso que ameaça piorar a crise que já afeta o país desde abril de 2018.
Segundo a coordenadora nacional do movimento Barrios de Pie ("bairros de pé") - uma das organizações sociais que convocaram a manifestação com partidos de esquerda -, Silvia Saravia, é "grave" que o governo de Mauricio Macri e o peronista Alberto Fernández, favorito às eleições gerais de outubro, se preocupem mais com "a mensagem dada ao setor financeiro do que com respostas concretas para a maioria do povo".
"É preciso que o povo tenha um prato de comida na mesa, parece que a principal preocupação está do outro lado", enfatizou Saravia à Agência Efe.
A maioria dos cânticos da manifestação foi direcionada a Macri, considerado por grande parte da sociedade argentina o responsável de ter levado o país à situação atual.
Nas eleições primárias do domingo passado, Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice na coalizão Frente de Todos, venceu Macri com uma diferença de 15 pontos percentuais. Caso a tendência se mantenha para as eleições de outubro, o peronista poderá vencer no primeiro turno.
Após as primárias, entre outras reações econômicas, o dólar subiu 27,7% em relação ao peso argentino, uma corrida cambial similar a outras vividas em 2018, que acarretaram uma queda do poder aquisitivo."Se for transferido ao custo da cesta básica, 30% de inflação (sic) vai impactar diretamente o custo dos alimentos. Três a cada quatro crianças no conurbano (área metropolitana) bonaerense estão abaixo da linha de pobreza. Esse é o impacto, e será muito mais grave", comentou Saravia, ao lamentar que a pobreza pode aumentar em porcentagens maiores que os 32% atuais, segundo dados oficiais.
Os manifestantes se concentraram em vários pontos do centro de Buenos Aires, como o Obelisco da Avenida 9 de Julho, e confluíram na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo.
A poucos metros de lá, no Centro Cultural Kirchner, Macri se reunia com os principais nomes do governo para tentar recolocar nos trilhos a campanha para as eleições presidenciais, um dia após anunciar medidas econômicas para atenuar os efeitos da crise e as turbulências nos mercados financeiros.
Na opinião de Saravia, as medidas anunciadas por Mauricio Macri são eleitoreiras e não têm como objetivo a recuperação econômica do país.
"Não temos confiança no governo para a solução da situação econômica. Eles só se importam com a eleição, não se importam com as pessoas. Achamos que eles só estão pensando nos seus cargos", reclamou.
Saravia também criticou Alberto Fernández - cuja campanha foca no aumento da pobreza durante os anos de Macri no poder - por tentar acalmar os mercados depois das eleições, após uma conversa com o atual presidente.