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Milei aceita renúncia de chefe gabinete, fundamental nas negociações com o FMI

Presidente argentino buscar reverter uma crise marcada por uma inflação que chegou a quase 300% ao ano

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 28 de maio de 2024 às 08h43.

Na primeira grande crise interna de seu governo, o presidente da Argentina, Javier Milei, aceitou na noite desta segunda a renúncia de seu chefe de gabinete, Nicolas Posse, em meio a tensões sobre as reformas econômicas que o governo quer propor.

Posse será substituído pelo atual ministro do Interior, Guillermo Francos, de acordo com um comunicado do governo da Argentina.

O ex-chefe de gabinete foi uma parte fundamental da equipe envolvida nas negociações da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), junto com o ministro da Economia, Luis Caputo.

A saída de Posse vem em um momento especialmente delicado para Milei, que foi eleito no final do ano passado com um discurso libertário de extrema direita, mas vem enfrentando uma ferrenha oposição no Congresso para aprovar suas pautas.

Com planos para privatizar mais empresas estatais e cortar verbas públicas de outros setores, Milei buscar reverter uma crise marcada por uma inflação que chegou a quase 300% ao ano.

Mercado aprova Milei

Apesar dos sinais preocupantes da economia argentina, o governo de Milei tem caído nas graças do mercado, que vê nas reestruturações melhorias para uma maior sustentabilidade a longo prazo, A confiança se reflete em investimentos. O apoio vai do guru dos mercados emergentes, Mark Mobius, até  Elon Musk, passando pelos principais bancos de investimentos.

A Argentina entrou em recessão ao registrar queda de 5,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. Apesar da queda de atividade, que chegou a 8,4% em março, a inflação segue rodando na máxima desde a hiperinflação dos anos 1990. O Índice de Preço ao Consumidor (IPC) argentino de abril, o mais recente divulgado, acelerou para 289% no acumulado de 12 meses.

FMI segue acreditando que o plano de ajuste da Argentina está dando "resultados melhores que o esperado" e prevê que economia "comece a crescer" no segundo semestre do ano.

O órgão citou em relatório o primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a "rápida recuperação" das reservas internacionais e uma melhora no balanço do Banco Central, assim como uma rápida redução da inflação, que passou de 25% em dezembro para cerca de 8,8% em abril.

Encontro com Musk e Zuckerberg

Milei se reunirá com o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, e participará de uma cúpula no Vale do Silício no dia 30 de maio. Ele também terá encontros com representantes da OpenAIAppleGoogle e outras empresas líderes, além de uma nova reunião com Elon Musk, dono da Tesla. "O governo trabalha para atrair investimentos," disseram fontes oficiais.

Nos últimos meses, o presidente argentino teve 14 reuniões com representantes de empresas tecnológicas em Buenos Aires, incluindo Meta, Google e Amazon Web Services. As empresas demonstraram interesse em oferecer ferramentas de inteligência artificial, serviços em nuvem e ajudar na modernização do Estado.

A viagem foi organizada pelo conselho de assessores econômicos, presidido por Damian Reidel, que viveu nos Estados Unidos e também participará das reuniões. Reidel, que foi cotado para presidir o Banco Central, acabou não assumindo devido a diferenças com Caputo. Santiago Bausili, sócio do ministro da Economia, assumiu a posição.

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