Policiais paquistaneses impedem entrada de jornalistas na casa de Bin Laden: o Paquistão foi novamente o segundo país mais violento (Asif Hassan/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2011 às 13h17.
Genebra - O México é, pelo segundo ano consecutivo, o país mais perigoso do mundo para exercer a profissão de jornalismo, segundo o relatório anual publicado nesta segunda-feira pela ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC, na sigla em inglês).
Esta organização com estatuto consultivo da ONU, fundada em 2004 por jornalistas de vários países, registra um número de 'pelo menos' 12 jornalistas assassinados no México em 2011 e o relaciona à 'guerra entre o Exército e os cartéis do tráfico de drogas no norte do país'.
Mas a entidade indica que 'o registro poderia até ser mais elevado se levados em conta vários casos não resolvidos de desaparecidos'.
A PEC registra 106 jornalistas assassinados no mundo ao longo de 2011, 105 em 2010 e 122 em 2009 (32 deles massacrados em um só dia nas Filipinas).
'Este ano foi particularmente perigoso para numerosos profissionais da imprensa devido às revoltas em países árabes. Pelo menos 20 jornalistas perderam a vida no exercício da profissão durante a cobertura desses eventos', disse o secretário-geral da PEC, Blaise Lempen.
'Outros 100 representantes da imprensa foram alvo de ataques, assédio, prisões ou ficaram feridos durante os fatos no Egito, Líbia, Síria, Tunísia e Iêmen', acrescentou.
O Paquistão foi novamente o segundo país mais violento, com 11 jornalistas assassinados, sobretudo na fronteira com o Afeganistão. A lista segue com Iraque e Líbia (7 jornalistas assassinados), Filipinas, Brasil e Honduras (6 em cada), Iêmen (5), Somália (4), e Afeganistão, Egito, Índia, Rússia e Peru (3 em cada).
Dois jornalistas morreram no Barein e Tailândia e outros 23 profissionais de imprensa de imprensa foram assassinados em outros tantos países e territórios.
Por regiões, a América Latina foi o lugar mais perigoso para o jornalismo em 2011, com 35 profissionais assassinados durante o ano. Segundo a PEC, a evolução da situação na América Latina é 'preocupante', já que, além dos assassinatos de jornalistas, 'multiplicaram-se as ameaças e ataques contra a imprensa'.
'A liberdade de imprensa está ameaçada em vários países devido às manobras dos governos que tendem a controlar as informações mediante o descrédito e a intimidação dos jornalistas, o assédio sobre o plano judicial e a autocensura', afirma o relatório.
No caso dos países árabes, segundo a PEC, um ano depois do início da revolução na Tunísia - que desencadeou a Primavera Árabe, o progresso 'foi lento no terreno e os hábitos do passado seguem restringindo a liberdade de expressão'.
'Os jovens que se expressam através das redes sociais, nos blogs e nas ruas continuam enfrentando o uso da força', disse a presidente da ONG, Hedayat Abdel Nabi.
As mulheres jornalistas em particular 'pagaram um preço muito pesado na Primavera Árabe, durante a qual foram alvo de numerosos casos de violência sexual no Egito e Líbia', declarou.
No terreno positivo, a PEC destaca que há uma maior tomada de consciência por parte de governos e organizações internacionais sobre o fato de que a profissão de jornalista enfrenta riscos maiores e deve se beneficiar de uma maior proteção em razão da multiplicação dos conflitos.