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Medo de recessão cresce com alta do petróleo

Especialistas concluem que o petróleo acima de US$ 100 causa destruição de demanda e é nocivo para a economia global

Assim como em 2008, o enfraquecimento da atividade mundial vem precedido de picos das cotações da commodity (Getty Images)

Assim como em 2008, o enfraquecimento da atividade mundial vem precedido de picos das cotações da commodity (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2011 às 09h15.

Londres - A disparada do petróleo pesa sobre a economia global e contribui para os temores de novo mergulho na recessão. Assim como em 2008, o enfraquecimento da atividade mundial vem precedido de picos das cotações da commodity, numa mostra de que os ecos da crise pós-Lehman Brothers não chegam somente por meio da turbulência nos mercados. Especialistas concluem que o petróleo acima de US$ 100 causa destruição de demanda e é nocivo para a economia global.

A escalada da matéria-prima registrada neste ano é vista como um dos motivos para a desaceleração nos países desenvolvidos neste momento. A elevação dos preços pressionou os índices de inflação e fragilizou ainda mais a renda e o poder de consumo da população. Isso veio num momento de forte instabilidade externa em razão da crise de dívida soberana na zona do euro.

"O petróleo tentou subir acima de US$ 100 em 2008 e a economia entrou em colapso. Tentou de novo em 2011 e estamos enfrentando forte desaceleração", disse Olivier Jakob, analista da consultoria Petromatrix. "Os preços do petróleo se tornaram novamente um peso, atingindo níveis que ameaçam a economia global", aponta o Centro para Estudos Energéticos Globais (CGES, na sigla em inglês).

As cotações passaram por uma verdadeira montanha-russa nos últimos anos. Depois de quase bater em US$ 150 em meados de 2008, no pico da bolha das commodities, o barril desabou para a casa dos US$ 30 no início de 2009. A partir daí, engatou recuperação, que ganhou força no ano passado com a nova rodada de alívio monetário nos Estados Unidos e o desempenho dos emergentes. Em 2011, os conflitos no norte da África e no Oriente Médio pesaram e o barril revisitou a cotação de três dígitos, antes de o WTI voltar para a casa de US$ 85.

O economista-chefe do HSBC, Stephen King, acredita que a valorização da matéria-prima "não poderia ter vindo num pior momento", afinal a economia mundial ainda se recupera da crise provocada pelo colapso do Lehman Brothers.

A relação entre os elevados preços do petróleo e a ocorrência de recessão foi verificada em outros momentos da história, como nos choques registrados nas décadas de 1970 e 1980.

Segundo o CGES, os gastos totais com petróleo representarão 7% do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano. Esse nível foi atingido pela última vez em 2008. Para o instituto, dados históricos mostram que a economia global enfrenta dificuldades quando os custos com a matéria-prima ficam acima de 5% do PIB e, em 2011, não deve ser diferente.


A perspectiva para os preços da commodity no longo prazo é de alta, em razão das limitações de oferta e aumento constante da demanda, especialmente pelo avanço econômico dos emergentes. Entretanto, o petróleo se transformou num ativo financeiro e passou a oscilar conforme outros fatores que não os fundamentos. A queda do dólar, por exemplo, deixa a commodity, que é cotada na moeda norte-americana, mais barata e alimenta a busca por contratos futuros.

Nesse sentido, a política monetária ultra-acomodatícia praticada pelos principais bancos centrais acaba tendo o efeito indesejado de puxar a matéria-prima, prejudicando a economia.

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