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Massacre de refugiados na Nigéria foi provocado por duas bombas

Organização Médico Sem Fronteiras afirmou que o exército atirou duas bombas sobre campo de refugiados por engano

Campo de refugiados: trabalhadores distribuíram alimentos quando as bombas, atiradas por engano, caíram no campo (MSF/Reuters)

Campo de refugiados: trabalhadores distribuíram alimentos quando as bombas, atiradas por engano, caíram no campo (MSF/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 14h25.

O massacre de pelo menos 70 pessoas na terça-feira no campo de refugiados de Rann aconteceu quando a aviação nigeriana atacou, erroneamente, o local, lançando duas bombas no momento da distribuição de alimentos, explicou nesta quinta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

"A primeira bomba caiu às 12h35. Cinco minutos depois, o avião passou novamente e lançou uma segunda", explicou Alfred Davies, coordenador da MSF para a Nigéria.

Naquele momento, trabalhadores humanitários distribuíam alimentos para cerca de 40.000 refugiados no acampamento para onde fugiram da violência do grupo islamita Boko Haram.

Davies relatou que "não viu o avião (...), mas as bombas foram lançadas sobre casas" no centro de Rann. Muitas pessoas deslocadas se salvaram porque estavam na fila para receber ajuda humanitária (alimentos e abrigo) em um lugar afastado do centro do campo.

"O que eu vi é indescritível. Alguns tiveram os ossos quebrados e a carne completamente rasgada, e intestinos espalhados pelo chão. Vi corpos de crianças pela metade", acrescentou.

Até muito recentemente, as agências locais e internacionais não podiam chegar até Rann por causa das péssimas condições das estradas e pela insegurança, enquanto a população sofria uma escassez absoluta. A MSF chegou ao campo de Rann há menos de uma semana.

Citando uma fonte militar anônima, o jornal nigeriano The Nation afirmou nesta quinta-feira que o bombardeio foi "o resultado de um erro de informação" fornecido por outro país.

A insurreição do grupo Boko Haram, que pegou em armas em 2009, devastou o nordeste da Nigéria, causando mais de 20.000 mortes e 2,6 milhões de deslocados.

Segundo o general Lucky Irabor, que dirige as operações militares contra o grupo extremista Boko Haram, a força aérea havia recebido informações sobre concentrações de "terroristas do Boko Haram" na região de Kala-Balge, razão pela qual o ataque foi autorizado.

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