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Malásia impede que ex-líder comunista seja enterrado no país

Herói para alguns e criminoso para outros na Malásia, o ex-líder comunista Chin Peng, morto aos 89 anos, tinha a entrada vetada em seu país, inclusive morto


	Malásia: antes de morrer na última segunda-feira, Chin Peng forjou reputação como guerrilheiro valente a Segunda Guerra Mundial
 (Wikimedia Commons)

Malásia: antes de morrer na última segunda-feira, Chin Peng forjou reputação como guerrilheiro valente a Segunda Guerra Mundial (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 13h41.

Bangcoc - Um herói para alguns e um criminoso para outros na Malásia, o ex-líder comunista Chin Peng, que morreu aos 89 anos, tinha a entrada vetada em seu país natal, inclusive morto, desde que foi para o exílio na Tailândia.

Antes de morrer na última segunda-feira, Chin Peng forjou uma reputação como guerrilheiro valente durante a resistência contra os japoneses na Segunda Guerra Mundial e depois contra os britânicos para obter a independência do território que era então conhecido como Malaia.

No entanto, o zelo comunista em sua tentativa de implantar a revolução na antiga colônia britânica o incluiu na lista de inimigos do Estado malaio, que se nega a aceitar seus restos mortais décadas depois do conflito revolucionário.

"Não permitiremos que descanse na Malásia devido à história negra que criou", disse o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, em declarações publicadas pela agência estatal "Bernama".

O ex-secretário-geral do Partido Comunista de Malaia foi qualificado pelo governante como um "terrorista" que será lembrado por sua crueldade e seus ataques contra as forças de segurança.

Najib denunciou as atrocidades cometidas pela insurgência comunista liderada por Chin Peng, sobretudo durante os anos da "Emergência de Malaia", e a insurreição contra o Governo malaio mais tarde, na qual morreram milhares de membros das forças de segurança e civis.

Oficialmente, o Governo não nega a entrada porque o considera "inimigo do Estado" ou "persona non grata", porque não pode apagar dos anais da história que assinou a paz com os comunistas de Chin Peng em 1989.


Simplesmente, as autoridades alegam que o ex-líder comunista nunca demonstrou ter nascido na Malásia, por isso que não o consideram um cidadão, ou defendem outros argumentos de caráter burocrático.

Ong Boon Hua, que depois passaria para a história com seu nome revolucionário de Chin Peng, nasceu em 21 de outubro de 1924 no seio de uma família de classe média no povoado de Setiawan, no estado malaio de Perak, na fronteira com a Tailândia.

Seu pai foi um emigrante chinês natural da província oriental de Fujian que comercializava bicicletas.

Ong Boon Hua estudou em um colégio particular chinês e, mais tarde, em um centro privado dirigido por cristãos metodistas.

Embora um de seus primeiros ídolos tenha sido o nacionalista chinês Sun Yat-sen, entrou com 15 anos no Partido Comunista de Malaia, fundado em 1930 e naquela época dirigido pelo vietnamita Lai Teck.

A ocupação japonesa da península de Malaca levou o Império britânico a formar uma aliança com o Partido Comunista de Malaia e se cria o Exército Popular Malaio Antijaponês, no qual Chin Peng começa a se destacar.

A luta na resistência valeu a Chin Peng a Excelentíssima Ordem do Império Britânico, embora depois a condecoração lhe tenha sido retirada quando se levantou contra os colonizadores.

Lai Teck morre em Bangcoc em 1947 e Chin Peng assume a liderança do Partido Comunista de Malaia e a luta pela independência.


O que era uma guerra de independência para os comunistas, os britânicos o qualificaram como emergência, já que os donos das plantações não receberiam compensação por parte do seguro se uma "guerra" fosse declarada.

Malaia obteve a independência do Reino Unido em 1957, mas a guerrilha comunista do Exército Malaio de Libertação Nacional manteve a luta para implantar o sistema maoísta até 1960, quando suas forças tiveram que fugir para a Tailândia.

Chin Peng viveu exilado alguns anos na China, amparado pelo regime comunista, e depois no sul da Tailândia, de onde comandou um novo levante contra o Governo malaio entre 1967 e 1989, quando a guerrilha comunista depôs as armas definitivamente.

Seus opositores o acusam de ordenar massacres e pilhagens contra civis na Malásia e a execução sumária de supostos traidores em suas bases tailandesas, embora o ex-líder comunista tenha negado em suas memórias lançadas em 2003.

O que ele reconheceu é que alguns elementos do movimento comunista podiam ter cometido crimes, sem seu consentimento.

Entre 2000 e 2008, o ex-guerrilheiro tentou várias vezes conseguir a autorização oficial para voltar a seu país natal, mas não lhe foi concedido, já que não pôde apresentar uma certidão de nascimento, que alegou ter perdido em uma revista policial em 1949.

Ching Peng morreu na segunda-feira passada quase em solidão em um hospital de Bangcoc por motivos naturais e sua cremação está prevista para sábado.

O opositor Partido de Ação Democrática solicitou ao Governo que conceda a Chin Peng seu último desejo, descansar com seus antepassados em terra malásia.

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