Mundo

Maduro propõe projeto de 'lei contra o fascismo' para punir opositores na Venezuela

O governo disse no sábado que, desde 2023, as autoridades desativaram "nada menos que sete conspirações" para atacar "a alta liderança" do chavismo e gerar uma "atmosfera de violência política"

Eleições na Venezuela: Maduro está buscando uma terceira reeleição consecutiva em 28 de julho, o que o levaria a 18 anos no poder (Gabriela Oraa/AFP)

Eleições na Venezuela: Maduro está buscando uma terceira reeleição consecutiva em 28 de julho, o que o levaria a 18 anos no poder (Gabriela Oraa/AFP)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de março de 2024 às 07h56.

O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse neste domingo, 24, que apresentará ao Parlamento um projeto de "lei contra o fascismo" para punir os opositores que, segundo ele, promoveram "atos de violência" contra o país. Maduro, que está buscando um terceiro mandato consecutivo de seis anos, frequentemente se refere à oposição como "fascistas" e "extremistas de direita".

"O presidente Nicolás Maduro decidiu criar um Alto Comissariado de Estado contra o Fascismo e o Neofascismo para apresentar à Assembleia Nacional, o mais rápido possível, um projeto de lei contra o fascismo e toda expressão neofascista no exercício da política e da vida nacional", escreveu a vice-presidente Delcy Rodríguez na rede social X (ex-Twitter).

"Isso é uma resposta aos atos de violência que o país sofreu em 2014, 2015 e 2017", acrescentou ela, referindo-se às manifestações antigovernamentais que deixaram mais de cem mortos. Em 2017, Maduro, então cercado por protestos que deixaram mais de 125 mortos, propôs a "Lei contra o ódio, a coexistência pacífica e a tolerância", um instrumento que a oposição acusa de criminalizar a dissidência.

Contexto político

As primeiras prisões em decorrência dessa lei, aprovada por uma Assembleia Constituinte pró-governo que, na prática, substituiu o Parlamento, então com maioria oposicionista, ocorreram em 2018 e envolveram duas pessoas que protestavam contra a escassez de alimentos. Esse texto pune com até 20 anos de prisão, por exemplo, aqueles considerados culpados de "incitação ao ódio".

Ainda segundo a vice-presidente, o projeto se deve às "graves consequências para a economia, a soberania e a integridade territorial do país, comprometidas por fatores extremistas que assumiram o Parlamento" em 2015 para "despojar a Venezuela de seus recursos e criar desestabilização interna".

"E, finalmente, em consideração à situação internacional, cuja paz e estabilidade estão ameaçadas por expressões neofascistas que se instalam em centros de poder a serviço do norte global. Na Venezuela, nem o fascismo nem o neonazismo passarão", acrescentou.

Reeleição de Maduro

Maduro está buscando uma terceira reeleição consecutiva em 28 de julho, o que o levaria a 18 anos no poder. O anúncio do projeto ocorre um dia antes do fim do período de registro de candidatos para as eleições presidenciais. A oposição majoritária, agrupada na Plataforma Unitária Democrática (PUD), denunciou impedimentos à inscrição de sua candidata, Corina Yoris, propostos diante da inelegibilidade que impede María Corina Machado, vencedora das primárias, de concorrer. Nas últimas semanas, a PUD também alertou sobre uma "onda de repressão" e "perseguição política" no país.

Nesta semana, o presidente do partido oposicionista Vente Venezuela (VV), Henry Alviarez, e a secretária política nacional a ex-deputada Dignora Hernández, foram presos, segundo a Procuradoria-Geral da República, por suas supostas ligações com planos violentos relacionados às próximas eleições, elevando para sete o número de membros detidos do partido, liderado por Machado.

O governo disse no sábado que, desde 2023, as autoridades desativaram "nada menos que sete conspirações" para atacar "a alta liderança" do chavismo e gerar uma "atmosfera de violência política" no período que antecede as eleições presidenciais.

(Com agências internacionais)

Acompanhe tudo sobre:VenezuelaNicolás MaduroFascismoEleições

Mais de Mundo

Câmara dos EUA evita paralisação do governo com aprovação de pacote emergencial de financiamento

Maduro propõe reforma constitucional para reforçar controle político na Venezuela

Atropelamento em feira de Natal na Alemanha mata duas pessoas e caso é investigado como terrorismo

Portugal aprova lei que facilita pedido de residência para brasileiros