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Eleições na Venezuela: entenda as opções da oposição para enfrentar Maduro

O período de registro de candidaturas para as eleições de 28 de julho começa nesta quinta-feira

Maduro: autoridades, sistema e cronograma eleitoral jogam contra oposição do presidente (Gabriela Oraa/AFP)

Maduro: autoridades, sistema e cronograma eleitoral jogam contra oposição do presidente (Gabriela Oraa/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 21 de março de 2024 às 12h57.

Uma ofensiva judicial contra a já inabilitada María Corina Machado complica ainda mais o cenário eleitoral para a oposição venezuelana. Quem substitui a principal rival do presidente Nicolás Maduro? Qualquer sucessor pode terminar vetado.

O período de registro de candidaturas para as eleições de 28 de julho começa nesta quinta-feira (21) e termina na segunda-feira, 25. Que opções a oposição possui? Poucas: as autoridades, o sistema e cronograma eleitoral jogam contra.

A AFP analisa quatro cenários.

1) Insistir com Machado

Impossível. O registro dos candidatos é feito por um sistema automatizado em que o aspirante inclui o número do documento de identidade: Machado está vetada, devido à proibição de exercer cargos públicos por 15 anos, acusada de corrupção e de defender uma invasão estrangeira, o que ela nega.

O Ministério Público a vinculou na quarta-feira a "ações desestabilizadoras", mas sem apresentar acusações contra ela. Sete colaboradores, no entanto, foram detidos e outros sete têm mandado de prisão, incluindo sua principal auxiliar, Magalli Meda, que era mencionada como possível substituta. Machado chamou as ações de "repressão brutal".

"Sabem que estão derrotados, porque não há maneira de vencerem uma eleição contra nós", disse María Corina Machado.

A política liberal venceu com folga as primárias opositoras de 22 de outubro de 2023 e as pesquisas apontam que derrotaria Maduro, com 70% das intenções de voto segundo alguns institutos.

"Maduro sabe que não pode enfrentar ninguém que consiga 30% dos votos", explica à AFP o cientista político Luis Salamanca. A maioria das pesquisas dá ao presidente entre 15% e 20% das intenções de voto.

2) Candidato siamês

Depois de uma especie de 'razia' da autoridade eleitoral, a oposição tem apenas duas possibilidades de cédulas partidárias autorizadas: a da MUD, a antiga aliança substituída pela atual Plataforma Unitária (PUD), e a do Um Novo Tempo (UNT), de Manuel Rosales, que enfrentou Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 2006, seguiu para o exílio no Peru e atualmente é governador do estado de Zulia (oeste), grande produtor de petróleo.

Isto se traduz em apenas duas candidaturas, que também podem ser rejeitadas e não teriam oportunidade de substituição.

Por este motivo não é tão fácil para Machado designar um candidato de fachada a quem possa tentar transmitir sua elevada intenção de voto, porque esta pessoa também não tem a garantia de registro aprovado, destaca Salamanca.

O registro da aspiração no sistema não se transforma automaticamente em candidatura, antes é necessária a aprovação Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao chavismo.

Se a candidatura for rejeitada, a PUD só poderá apoiar outra candidatura que tenha sido aprovada.

3) Terceira via

Também está em debate a opção de um candidato da oposição tradicional, mas ao mesmo tempo "palatável" para o chavismo.

O primeiro nome citado foi o de Gerardo Blyde, líder da delegação da oposição na mesa de diálogo com o governo, que tem a mediação da Noruega. Ele não está inabilitado, não apoiou abertamente as sanções, é próximo de Machado e tem canal de diálogo aberto com o chavismo graças às negociações.

"Não é da minha vontade ter este cargo", declarou em uma entrevista recente.

Outra opção é Rosales, que não conta com a simpatia de Machado, embora eles tenham se reunido na terça-feira, segundo a imprensa.

"Não considero politicamente viável hoje a possibilidade de uma candidatura que não tenha o apoio de Machado e de sua base eleitoral", disse Guillermo Tell Aveledo, professor de Estudos Políticos.

4) Efeito "alacrán"

"Alacrán" é um termo criado na Venezuela para descrever políticos que se denominam antichavistas mas são acusados de colaborar com o chavismo.

Políticos que incluem José Brito ou Luis Ratti anunciaram que serão candidatos. Ambos estão em confronto direto com Machado e a PUD, a ponto de solicitarem ações da justiça para afastá-los da disputa eleitoral.

O comediante Benjamín Rauseo, conhecido como 'El Conde del Guácharo' e acusado de atuar como fator de divisão do voto opositor, também é mencionado como potencial candidato.

"Maduro tem que limpar todo esse panorama para evitar surpresas", afirma Salamanca. "Maduro está formatando o cenário eleitoral para ter eleições sob medida".

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